quinta-feira, 24 de março de 2016

Novo amigo

— Oi.
— Oi. Quer brincar comigo?
— Quero, mas acho que não pode.
— Por quê?
— Minha mãe disse que não pode.
— Ah. É que estou aqui sozinho faz tanto tempo! Queria alguém para brincar comigo.
— Eu queria brincar com você. Você parece legal.
— Posso ser seu melhor amigo, se você deixar.
— Mesmo?
— Claro! Podemos brincar de várias coisas: de pega-pega, esconde-esconde... Também podemos brincar de jogar uma bola, eu vou buscar e devolvo para você.
— Parece divertido.
— É muito divertido! Podemos fazer isso todos os dias.
— Não sei... Não sei se minha mãe vai gostar.
— Pergunta a ela.
— Tá, espera.

O menino saiu saltitando pela rua, atrás da mãe, que já havia andado um pouco durante o tempo em que ele observava a caixinha no canto da calçada. O pedido à mãe foi breve; a resposta, mais breve ainda. Ele voltou a olhar a solitária caixa na calçada, agora tristemente, dizendo adeus ao amigo que não levaria para casa. O novo amigo, que havia prometido tanto sem dizer nada. Fitava-o apenas, com seu expressivo olhar de cachorro.
 
 
Texto postado em 2012
Imagem: Flickr - Creative Commons

2 comentários:

Mari disse...

Que dor no coração... :(

Ani Braga disse...

Achei seu blog um encanto...
Se quiser visitar o meu e seguir se gostar, ficarei muito feliz.

Beijos

Ani

http://cristalssp.blogspot.com.br/