Uma vez, alguém me disse: "não associe uma música a
alguém" e eu sempre soube que essa pessoa tinha razão. Mas é difícil; a gente
termina associando tudo nessa vida e eu sou dessas que associa tudo a música. Então
basicamente esse é um desafio que eu nunca cumpri. E esse é um dos motivos
pelos quais eu choro por tudo, por nada. Esse e o fato de eu ser mole mesmo. O
problema é que, por já ter nela meio intrínseco esse componente emocional, a
música meio que preenche as lacunas de sentimento que falta. Aí a gente
traz para junto, para dentro, para a vida. Associa. Perde e chora.
Uma vez, aconteceu de eu gostar muito de uma pessoa
que me emprestou um CD. Só que a pessoa não gostava tanto assim de mim e isso
foi bem ruim. Foi embora, mas as músicas do CD ficaram. Passei muito tempo para
conseguir dissociá-las da pessoa, ainda mais porque elas só falavam em
sentimentos fortes, amor e perda. Consegui, enfim, desligar as músicas da
pessoa, mas elas ficaram irrevogavelmente ligadas àquele momento.
Hoje, eu sinto um grande carinho pelas músicas.
Hoje, elas não machucam. Acho que ligar música a momentos faz essa coisa de associar
música a pessoas daquele momento ser mais suportável. Momentos criam saudades
saudáveis, fazem parte da nossa vida e, mesmo que doa, a dor ameniza e a lembrança
fica. A música fica e adquire um sabor melancólico. A música fica com o momento
e permanece. E os momentos são nossos. As pessoas, elas não são de ninguém.
"And the songbirds are singing
like they know the score"