Sou do tipo que gosta de dizer que está tudo bem, mesmo que não esteja. E não está. Mas continuo dizendo. As pessoas não acreditam, me chamam de idealista, que acho que o mundo é um paraíso. Não acho que a terra seja um céu, apenas gosto de acreditar que as coisas podem se resolver. Por que não poderiam?
Há coisas martelando na minha cabeça enquanto eu escrevo isso, lógico que há. Não vem ao caso explicar do que se trata (acho que o texto passado foi suficiente), mas vamos só dizer que, desses dias pra cá, tenho visto de perto o sofrimento, de uma maneira que nunca antes havia visto. O "está tudo bem" me engasga na garganta, nessas horas. Não dá para dizer com a mesma desenvoltura, a mesma certeza, o mesmo otimismo, apesar de ser o desejo de todo mundo que tudo esteja de fato bem. Mas todos sabem que não está.
A certeza vira pó, quando o mesmo sorriso que outrora dizia estar tudo bem cai numa linha murcha pelos cantos. Nem o maior dos sorrisos dura para sempre. Mas ele pode renascer, num outro dia, num outro mundo, quando a dor machucar um pouco menos. Não agora. Por enquanto, ainda dói.
Mas nem tudo precisa dar errado. Sou do tipo que gosta de dizer que está tudo bem, mesmo que não esteja. E eu digo. As pessoas me olham com ar de descrença, mas esperança. A esperança me faz continuar dizendo — senão que tudo está bem — pelo menos, que vai ficar.
"Tomorrow may be even brighter than today"