sábado, 12 de março de 2016

Investigação

Com todas essas evidências, não há mais dúvidas de que minhas suspeitas tinham mesmo fundamento. Esta investigação é inteiramente sigilosa e ninguém pode sequer desconfiar da natureza dos meus questionamentos, ao entrevistar os suspeitos ou conseguir mais pistas. Portanto, terei que continuar procedendo com todo o cuidado possível ou terei sérios problemas.

Ontem, adquiri a prova decisiva: a certeza do fato consumado. Interceptei uma chamada entre a principal suspeita e seu cúmplice, em que confessavam sua participação no caso. Resta agora saber onde o bagulho está escondido. Mas isso é apenas questão de tempo, pois já tenho uma vaga ideia do local onde o meliante costuma guardar seus ganhos.

Lupa em mãos, encontrei pegadas de lama no chão de madeira. O tamanho e o tipo do calçado condizem com o do suspeito. Há impressões digitais por todo o lugar, então procurei não me preocupar com elas. Apenas segui as pegadas, que terminaram num aposento acarpetado, mal iluminado. Entrei, olhando para os lados. Um barulho de água corrente veio de um banheiro anexo; sem dúvida o suspeito limpando evidências de seu corpo. Segui em direção ao móvel escuro, do lado oposto ao banheiro.

Eu tinha que ser rápido; arrastei uma cadeira, tentando não provocar nenhum som alto demais, e subi. Tinha que estar em algum lugar por ali. Pus a mão em cima do armário e toquei em algo liso. Meu toque fez ruído no pacote. Agarrei-o com ambas as mãos e conferi, afastando um pouco o papel que o cobria. Sim, era ele mesmo. Eu estava certo. Havia solucionado o caso. Coloquei-o de volta no lugar, guardei a cadeira e saí correndo do quarto.

---

— Querido, aposto que você vai adorar o seu presente de aniversário!
O menino olhou pra mãe, a carinha sorridente esbanjando orgulho.
— O jogo Scotland Yard? Claro que vou adorar!
— Hein? — A mãe arregalava os olhos, incrédula. — Mas será possível? Como você sempre descobre o que vai ganhar?
O dar de ombros dele foi exageradamente arrogante:
— Elementar, cara mamãe.


Texto publicado pela primeira vez em 2009.

Imagem: Flickr - Creative Commons

3 comentários:

Rebeca Maynart disse...

AAAAAAAAAAAAAAAAAAA COMO EU AMO CRÔNICAS
logo que vi "Baker Street 221B" soube que iria amar o texto!
Muito amor pelo seu jeito de contar histórias <3 Amei amei amei!! Mil beijos *-*

Unknown disse...

Amei filha.sou sua fã.
Mami

Suzy disse...

Adorei. Essa é minha menina. Meu orgulho. Te amo.