sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Uma curva no tempo

Então, tive que escolher um livro "que faça chorar" para ler. Não tenho o costume de ler livros com essa temática, que me deixa meio down, mas aí foi pedido no Desafio Literário e eu tive que caçar um. Pior, sem nenhuma dica de onde procurar. Não queria ler aqueles que viraram filme "Um dia", "Se eu ficar", "Como eu era antes de você" ou qualquer um de Nicholas Spark. Então, procurei um blog que falasse de livros tristes e escolhi Uma curva no tempo porque gostei da capa.

O livro começa com Rachel, a protagonista, indo a um jantar de despedida do High School com os amigos, antes de todos irem à universidade. É quando acontece um acidente que muda a vida de todo mundo. Cinco anos depois, Rachel ainda sofre as consequências desse acidente e precisa voltar à sua cidade natal, onde tudo aconteceu, para o casamento de uma das amigas. Então algo acontece e ela encontra à sua frente uma vida totalmente diferente, na qual ela pode fazer outras escolhas. Ela só não sabe o que fazer com as lembranças da outra vida.

O livro cumpriu muito bem a sua promessa de me fazer chorar. No começo, apenas me deixou meio melancólica; mas, no final, eu chorei de verdade. É um livro delicado, como sua capa. Depois que terminei, li algumas resenhas e em todas vi os resenhistas dizerem que não esperavam o final. Bem, eu preciso dizer que esperava, desde a primeira pista. Talvez por isso tenha ficado mais, digamos, tranquila. Não sei, eu sempre acho que esperar pelo final tal como ele é me deixa mais focada. Por isso eu sempre digo que não ligo muito para spoilers, porque eles sempre me preparam para o que está para vir e eu posso ler em paz, sem grandes sustos. Mas deste livro, eu não li nenhum spoiler. Foi tudo no feeling.

Se eu recomendo? Não sei. Eu tive bons momentos com ele, mas não diria "leia". Se você gosta de livros que façam chorar e são bastante melancólicos, com um toque de suspense, eu lhe diria para tentar. Mas primeiro que a escrita não me agradou at all, é preciso dizer, e algumas coisas me irritaram. Uma delas foi que quem quer que tenha traduzido não sabe escrever "demais" junto; só escrevia "de mais". Outra é que algumas cenas são cortadas em momentos sem sentido, interrompendo declarações importantes só "porque sim", quando poderiam ter sido melhor desenvolvidas. As cenas mais movimentadas são um tanto confusas e eu tive problemas com as descrições de determinadas cenas, como se não tivessem sido bem idealizadas ou revisadas. Outra coisa foram os sentimentos de Rachel, que muitas vezes não me convenceram. A pessoa vê a realidade perfeita na frente dela e demora um livro inteiro para fazer as escolhas certas? E, convenhamos, podia ser meu noivo ou o que fosse; se eu não lembrasse de nada, nem Rodrigo Hilbert ia me beijar. Enfim, acho que o livro passa com uma nota 6, talvez.

Então, cortamos mais um item do Desafio. Vamos ao próximo.

Vocês já leram esse livro? O que acharam?

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Resenha para o Desafio Literário de 2016, com o tema: "que faça chorar". Para saber mais sobre o Desafio, clique aqui e participe.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Cedo demais*

Ele era um cara legal. Ela sabia bem disso. Era educado, inteligente, sensível e tudo o que uma garota poderia querer. Mas era cedo, muito cedo para se envolver com alguém ainda, apesar de sua melhor amiga viver dizendo que não era assim tão cedo. OK, já fazia quase um ano. Um longo ano, de sofrimento eterno, dor e frio. Mas o que era um ano, o que era uma década, ou mesmo um século, para curar a decepção de uma vida?

Ele ligara mais cedo e a chamara para sair. Ela tentara recusar, mas simplesmente não tinha mais desculpas. Não era como se não estivesse interessada; sabia que se interessaria bastante, em condições normais. Mas, naquele momento, não tinha vontade de sair com ninguém, não conseguia se animar com nada mais. Não tinha forças para perseguir nenhum sonho, nenhum ideal. Faltava ânimo para sair daquele buraco em que se tinha enterrado.

Mas, então, fizera um esforço e saíra com ele. Era o que todo mundo exigia: um esforço da parte dela, uma tentativa de melhorar. E ela foi lá e fez: jantaram, conversaram, riram e ele a deixara em casa, no final da noite. Ele era mesmo um cara legal. O esforço, porém, esvaíra o resto das suas energias e ela voltara para casa esgotada. Lágrimas silenciosas começaram a deslizar por seu rosto no exato momento em que, depois de dizer adeus, fechara a porta do carro dele. Não era a hora, ela dissera. Talvez nunca seria.

Ele poderia ser o amor da sua vida. Poderia ser o companheiro ideal, o escolhido, o certo; mas era cedo demais. Ela não sabia quanto tempo levaria. E ele não esperaria para sempre.

"I'll be there as soon as I can
But I'm busy mending broken pieces
of the life I had before"

Imagem: Flickr - Creative Commons
*Texto publicado em janeiro/16

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Por hoje, não

Por hoje, vou apenas permanecer deitada na minha cama, sem fazer nada, sem pensar, sem nem dormir. Nem sonhar. Hoje não vou ver séries, não vou trabalhar, nem ler. Não vou fazer planos ou tentar colocá-los em prática. Hoje não quero praticar nada.

Não tem dança, nem música, nem arte. Hoje não é dia de levantar e sair para a rua. Não quero ver gente. Quero apenas ficar aqui comigo mesma, fazendo parte dos meus lençóis e travesseiros. Existindo porque sim. Existindo, por que não? Só não quero ter que fazer nada. Não preciso fazer nada. Nem viver. Nem morrer.

Sobreviver. Apenas por hoje.

"And if the night runs over?
And if the day won't last?"

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Essa postagem faz parte do Projeto 121, com o tema: 70 - "Por hoje não".