domingo, 18 de novembro de 2012

Para recordar: Um mundo em duas palavras

Duas pessoas diferentes. Duas pessoas que se completam.


Um conto sobre palavras: não ditas, a dizer, faladas até a exaustão. Palavras escritas. Um conto sobre convivência, defeitos e compreensão. Um conto sobre amor. Um amor real, não aquele dos contos de fada. Um amor que resiste ao tempo. Um amor que existe. Um amor em que eu acredito.


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Imagem: Flickr

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Ali adiante

Ali adiante: uma casa. Casa grande, rodeada de árvores frutíferas. Em boas épocas, podia-se ver a mangueira carregada, muitos cachos de jambo, goiabas enormes e o chão repleto de azeitonas roxas que se espatifavam de maduras. As lagartas-de-fogo infestavam o cajueiro, à procura de cajus maduros. Em época de aulas, terminava o dever de casa rápido e brincava de subir nas árvores. Nas férias, a brincadeira começava mais cedo. Lembro bem de todas aquelas árvores altas, iluminadas por um dia de sol. Mas me encantavam especialmente as gotas de chuva pingando das folhas verde-claras e o tronco escuro e escorregadio do pé de carambola.

Havia um campo de areia fina e cinzenta. Quando chovia, formava uma poça enorme cor-de-lodo que nunca atrapalhou os jogos de queimado, mas que fazia o estoque de remédio para bicho de pé na casa aumentar. Quando era tempo de sol, marcávamos campeonato de vôlei nas sextas-feiras à noite. Ou jogos de futebol de areia nas tardes de férias. Ou campo minado, enterrando mini-bexigas coloridas cheias de água, antes de brincar de barra-bandeira, só de sacanagem.

Havia também um parquinho, instalado quando eu tinha pouco menos que três anos de idade. Era todo colorido, uma gangorra azul, um balanço verde, um escorregador vermelho. Foi palco de muitas brincadeiras, com os irmãos, os primos, os vizinhos e os amigos de escola. A gangorra quebrou, depois de alguns anos de uso e uns quilos a mais de cada lado. O escorregador oxidou, depois de alguns anos de chuva. O balanço resistiu ao tempo e funcionava bem, apenas rangia demais, na última vez em que tentei balançar, antes de ir embora para sempre.

Ali adiante: uma árvore, um balanço, um campo de areia. O cenário de uma infância que foi feliz, mesmo que todas aquelas cores tenham desbotado com o passar do tempo.



"All alone with the memory
Of my days in the sun"*

Imagem: stock.xchng
Música: Memory

domingo, 11 de novembro de 2012

Para recordar: Relato de um assassino

Houve aquele dia em que você quis matar alguém. Talvez não tenha pensado nisso seriamente, ou não teve realmente vontade de matar; apenas sentiu muita raiva. Ou talvez tenha tido tanta vontade que até calculou as melhores maneiras de cometer o assassinato, maneiras de fazer sofrer, de fazer sumir... Mas não o fez.

Esse conto é sobre alguém que fez.



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domingo, 4 de novembro de 2012

Para recordar: Distração

Nessa vida, a gente lida com todo tipo de pessoas. Provavelmente, você já se deparou com aquelas bem distraídas, que perdem o foco por besteira; por causa de uma muriçoca que porventura pouse em seu braço e, então, interrompe a conversa, sem cerimônia nenhuma, para dar um tabefe na dita-cuja (guilty! o/ matar muriçoca é irresistível).


Mas existem aquelas pessoas que só se distraem com coisas específicas, algo que as interesse de verdade. Neste conto, há alguém assim:


Bom devaneio.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Novo amigo

— Oi.
— Oi. Quer brincar comigo?
— Quero, mas acho que não pode.
— Por quê?
— Minha mãe disse que não pode.
— Ah. É que estou aqui sozinho faz tanto tempo! Queria alguém para brincar comigo.
— Eu queria brincar com você. Você parece legal.
— Posso ser seu melhor amigo, se você deixar.
— Mesmo?
— Claro! Podemos brincar de várias coisas: de pega-pega, esconde-esconde... Também podemos brincar de jogar uma bola, eu vou buscar e devolvo para você.
— Parece divertido.
— É muito divertido! Podemos fazer isso todos os dias.
— Não sei... Não sei se minha mãe vai gostar.
— Pergunta a ela.
— Tá, espera.

O menino saiu saltitando pela rua, atrás da mãe, que já havia andado um pouco durante o tempo em que ele observava a caixinha no canto da calçada. O pedido à mãe foi breve; a resposta, mais breve ainda. Ele voltou a olhar a solitária caixa na calçada, agora tristemente, dizendo adeus ao amigo que não levaria para casa. O novo amigo, que havia prometido tanto sem dizer nada. Fitava-o apenas, com seu expressivo olhar de cachorro.



Imagem: Flickr