quarta-feira, 30 de maio de 2018

Resenha: O Conto da Aia

O livro O Conto da Aia (The Handmaid's Tale), de Margaret Atwood, é uma Distopia escrita em 1985 e recentemente adaptada em uma série de TV. A série tem feito muito sucesso e está gravando a sua segunda temporada. Ainda não tenho como dar alguma opinião sobre ela, porque não assisti 😰. Eu queria ler o livro antes, só que terminei faz mais de um mês e ainda não tive tempo de ver a série. Mas assim que conseguir ver, faço um Update aqui.

Mas vamos ao livro.

Nessa distopia, ficamos sabendo que houve um golpe de estado nos Estados Unidos e o poder foi tomado por uma elite fundamentalista com fortes crenças religiosas. Uma das causas é citada como a grande dificuldade em gerar bebês e a consequente redução da taxa de natalidade no país. Então, foi criada a categoria das "aias", mulheres saudáveis e capazes de engravidar. E elas gerariam os bebês dos homens importantes dessa sociedade, uma vez que suas mulheres seriam estéreis.

A história é contada pelo ponto de vista de uma aia, o que torna a narrativa parcial e, muitas vezes, cheia de lacunas. Para dificultar ainda mais, ela não sabia muito sobre o que estava acontecendo para nos informar. Então, ela termina nos contando somente sobre as coisas que ela vive e viveu, na sua vida antes da mudança.

A maneira de narrar, por apenas um ponto de vista bastante limitado, faz com que a história adquira um tom de confusão da realidade distópica, comparável ao livro 1984. Por mais que seja um universo fictício, a autora cria o sentimento desesperador de futuro possível. Ainda mais conhecendo a nossa realidade e a forte tendência conservadora atual, com a eleição de Donald Trump para presidente dos EUA. E, no Brasil, com a polarização política, as manifestações seguidas do golpe que arrancou do Planalto a ex-presidenta, assim como a candidatura a presidente do Brasil daquele-que-eu-não-quero-nomear-para-não-dar-mais-visibilidade. Como já está presente no coração das pessoas que entendem o risco de tais personalidades no poder de alguma coisa que importe pro mundo, você termina o livro com uma grande sensação de medo. Medo do que o nosso capenga estado laico pode se tornar. E o que ele pode nos tornar. As minorias.


Apesar de ser uma Distopia, ele vai entrar no Desafio Literário como "Escrito por uma Mulher". Porque achei pertinente, diante de um enredo tão importante para nós, mulheres. Tirando o fato de que dei muito valor à escrita de Margaret Atwood, no meio de tantas mulheres que ando lendo. Ela conseguiu chamar minha atenção, como autora e como pensadora. Aplausos.

--
E então? O que achou da resenha?
Já leu o livro ou assistiu à série? Não esqueça de deixar seu comentário.

--