domingo, 20 de março de 2016

Medo do escuro

Há três noites não durmo. Cai a noite, vêm as sombras. Se de manhã, as sombras são abrigo; à noite, são assustadoras. Acende lâmpada, vela, abajur, farol de carro; em busca da luz. Nada funciona. As luzes só fazem as sombras tomarem forma. A forma dos monstros. Eu olho as formas, vigiando seus movimentos. E, enquanto eu olho, elas não se mexem.

No escuro, os monstros viram reais. Todos aqueles monstros que habitavam somente a minha cabeça durante o dia saem de suas moradas nos giros cerebrais para caminharem à noite, no mundo real. Vivendo à noite, como corujas, ou vampiros. No escuro, as sombras se unem, tornando-se uma só. A escuridão torna-se real. E a realidade se confunde com o desconhecido.

Então, não durmo. Medo do escuro, ou do desconhecido, não importa. Apenas porque é melhor ficar alerta, para quando os monstros chegarem. E dormir somente ao nascer do sol, quando eles se não puderem mais esconder.

"Darkness turns and wakes imagination"

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Essa postagem faz parte do projeto "642 coisas sobre as quais escrever", com o tema:
176: Você, uma adulta crescida, tem medo do escuro. Explique por que isso é uma preocupação.

Imagem: Flickr - Creative Commons

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