Houve um tempo em que eu preferia escrever à mão, com papel, lápis e borracha. Às vezes, caneta. Pegava um caderninho, folhas de fichário e me trancava no quarto para escrever. Minhas primeiras histórias foram escritas assim. Até que eu comecei a aperfeiçoar minha escrita e percebi o quanto era difícil fazer a revisão com papel e caneta. Botava um asterisco onde queria escrever mais, páginas a mais no meio do parágrafo, grampeava em cima, fazia anotações nas entrelinhas, colava post its. O negócio virava uma maçaroca horrível de organizar depois. Foi quando comecei a passar as histórias para o computador e, tempos depois, escrever direto nele. E percebi que as ideias fluíam melhor assim, porque a gente digita muito mais rápido e os pensamentos não se perdem no caminho.
Então, parei completamente de escrever à mão. Até agora.
Veio essa moda dos bullet journals. Eu sempre adorei enfeitar caderninhos, mas nunca me interessei por fazer nada do tipo: diários para acompanhar os dias, monitorar humor, planejar a semana. Apesar de precisar urgentemente de um planejamento. Mas sabia que não teria tempo, paciência e seria um hábito que eu tenderia a largar logo.
Até que vi Thiago d’Evecque (inclusive recomendo demais o blog dele #FollowFriday) falando sobre Diário de Escrita. Mas o que é isso?
É um acompanhamento diário de qualquer coisa que você esteja escrevendo. Pode ser de várias formas: em um caderno, no blog, no vlog, no Instagram, na Página de Facebook, no Word, no bloco de notas, com texto corrido, itens, imagens, listas, vídeos. No Google, você pode encontrar vários tipos diferentes de Diário de Escrita e escritores dando dicas de como fazem.
Para acompanhar e incentivar o desenvolvimento do meu segundo livro, eu resolvi começar um Diário de Escrita. Como senti saudade de escrever à mão, peguei um caderninho, comprei uma caneta bonita e comecei a trabalhar nele. Data em cima, texto corrido
falando sobre o que eu escrevi, o que pretendia escrever, os personagens, a trama, o roteiro da história.
Mas para que eu estou fazendo isso?
Então, eu tenho tido com este livro mais dificuldade que com o primeiro. O Diário de Escrita tem servido como alívio criativo, onde eu vou vomitar meus conflitos, as dúvidas em relação à história, frustrações e tudo o que eu acho que esteja me travando. E também o que me liberta.
Gosto de colocar o que eu fiz naquele dia que de alguma forma possa ter
me inspirado; um passeio com o doggo, uma conversa, uma música, um filme, uma
imagem. Coisas que eu posso dar um jeito de repetir em momentos de
hiato. Com ajuda do meu Diário de Escrita, já reescrevi a história, já mudei o
foco, já formulei outra trama, elaborei um roteiro inteiro.
Além disso, serve também para acompanhar a progressão do livro com
marcadores de palavras. Uso um marcador para meta, total diário e total geral de palavras. Assim, também dá para fazer uma relação posteriormente da quantidade que eu escrevi com as informações que eu coloquei no diário. E aprender sobre mim e o que me inspira.
Para quem gosta de bullet journal, dá pra fazer uma graça com
marca textos, fitas adesivas, adesivos, imagens. Por enquanto, o meu
está bem normalzinho, porque mal tenho tempo de escrever mesmo. Eu só
grifo as coisas mais importantes, úteis, para ser mais fácil de encontrar
depois.