Acabei de assistir a um filme chamado
Para Sempre (The Vow, 2012). Não esperava muito, não li sinopses, mas sabia que não era uma comédia romântica, e sim um romance meio melancólico. É a história de uma mulher que perde a memória depois de um acidente e termina não lembrando mais do próprio marido, tendo que reconstruir a vida sem saber se a memória vai voltar. O marido, apesar disso, não desiste dela e começa o plano de reconquistá-la de novo. É bem triste tudo isso, apesar de eu acabar gostando do filme. Mas, independente de ser o filme bom ou ruim, de eu ter gostado ou não, ele me fez pensar em algumas coisas, que nem são exatamente o que o filme tem intenção de fazer pensar. Não são mandamentos, nem constatações, apenas coisas que eu pensei ser importante escrever.
(1) Depois do acidente, a personagem só conseguiu retomar a vida dela, mesmo sem lembrar de nada, porque o marido sabia tudo sobre ela, da história dela antes de eles se conhecerem, do que aconteceu para ela ter mudado de cidade, brigado com os pais, mudado de profissão. Ela tinha uma pessoa que sabia tudo sobre ela, mesmo que ela não o reconhecesse. Fico pensando se alguém saberia tanto sobre mim dessa maneira, de modo a poder me dizer por que eu estou aonde estou hoje, caso eu perdesse minhas lembranças. E mais, se eu saberia tanto assim sobre alguma pessoa, para poder fazê-la se encontrar, caso ela não se lembrasse de mim.
Nunca acreditei em dividir tudo dessa maneira; sempre achei que as pessoas são seres individuais, que têm vidas à parte da outra, que não faz o menor sentido contar tudo, compartilhar tudo. Parecia mais dependência que um relacionamento de verdade. Hoje eu considerei que talvez eu estivesse errada. Fiquei pensando: se eu morresse amanhã, morreriam também todas as minhas memórias, tudo o que eu vivi, tudo o que eu acredito e tudo o que eu sempre quis dizer e nunca disse? Morreria minha história, porque ninguém saberia contar, porque fechei essas portas para todo mundo?
(2) Ele nunca desistiu dela, porque a conhecia a fundo e sabia o que nem ela sabia: que ela queria estar com ele. Será que alguém teria tanta certeza de mim, do que eu sinto, será que o que eu mostro todos os dias seria suficiente para alguém ter tanta fé em mim? E será que eu teria tanta certeza sobre alguém, mesmo quando a pessoa agisse mostrando o contrário?
(3) Ele decidiu reconquistá-la outra vez. Quantos estão dispostos a reconquistar a mesma pessoa todos os dias? O que eu mais vejo é gente tratar as pessoas que amam pior do que as outras, só porque a intimidade faz com que se acomodem e tenham certeza de que o outro não vai embora por qualquer arenga besta. É irônico quase. Ao invés de cultivar uma coisa boa, as pessoas mostram seu pior lado, porque sabem que o outro precisa aguentar. E de fato, precisa; mas não devia ser regra. É muito mais importante mostrar amor e vontade de tentar fazer dar certo todos os dias do que mostrar a parte ruim. Demonstrar com gestos que a pessoa é especial, importante, que foi escolhida entre tantas por ser a melhor pessoa do mundo, para você. Não por exclusão. É isso que faz a pessoa ter certeza de que você iria atrás dela, não importa o que acontecesse, mesmo que ela chutasse você para fora da vida dela. Porque você vale a pena.
Aí você pensa: ah, mas esse filme deve ser bom mesmo para fazer pensar tanto. O filme é bonzinho, para quem gosta do estilo (tem no Netflix, caso se interessem), mas acho que só estou num momento em que não está sendo difícil me fazer pensar sobre a vida, o universo e tudo mais. Coisas que você não pensa muito, quando está distraído com o seu próprio umbigo. E antes que digam "é só um filme", ele foi baseado num livro e numa história real.
Ainda tem a frase abaixo para fazer pensar; mas esse seria outro assunto, que prefiro falar depois, senão o post vai ficar imenso.
"My theory is that, these moments of impact, these flashes of high
intensity that completely turn our lives upside down actually end up
defining who we are." The vow