sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Por entre meus dedos

Lembro de quando ela era só uma menininha medrosa, que segurava minha mão para atravessar a rua. Sua mão era pequena e seu olhar denunciava o medo ao ver tantos carros passarem. Então, ela me olhava e obtinha o que quer que precisasse para enfrentar aquela ameaça. E sorria.

Hoje, ela encara seus medos sozinha, enfrenta os problemas e os resolve. Lembro de que ela vinha saltitando me receber com um sorriso no rosto, quando eu chegava do trabalho. Hoje, é ela quem chega do trabalho e vem me visitar. Fez suas próprias escolhas; desafiou-me algumas vezes, aceitou meus conselhos em outras. Nunca duvidei de que se sairia bem, mas temi que sofresse e fraquejasse em alguma parte do seu caminho. Estive ao seu lado sempre que isso aconteceu. Mas, como garota corajosa que era, sempre olhou para frente e prosseguiu.

Agora, ela está se casando. Na porta da igreja, ela segura a minha mão, como fazia quando criança, antes de atravessar a rua. A dela está fria e trêmula. Sinto o tempo voltar àquela época, de quando ela precisava de mim. O tempo que passou rápido demais para eu perceber, que escorreu feito areia por entre meus dedos. Ela olha nos meus olhos e isso parece acalmá-la. Sorri. Respira fundo e contempla seu futuro, ao longe. E prossegue.




"Sometimes I wish that I could freeze the picture

And save it from the funny tricks of time

Slipping through my fingers."

10 comentários:

Marina disse...

É, o tempo passa. Emocionante! Adoro vir aqui. :*
Larissa | Homepage | 08.07.09 - 7:04 pm

Marina disse...

O tempo quando passa parece uma eternidade e quando já passou parece alguns segundos. É sempre assim.
George Marques | Homepage | 08.07.09 - 8:30 pm

Marina disse...

É por sensações assim que eu definitivamente quero ter uma filha.
v.h. | Homepage | 08.07.09 - 8:53 pm

Marina disse...

Ô, Marina, tuas palavras aqui estão lindas demais! É um texto que transborda afeto em cada palavra. É uma bênção poder escrever sobre esses sentimentos, não é?
O tempo, de fato, passa e carregamos conosco impressões, lições, valores plantados com sabedoria por estes que seguraram nossas mãos na hora exata...nos livrando do perigo ou nos levando ao paraíso.
Sempre me emociono, quando chega o dia dos pais, por tudo aquilo que você leu no Dragão Vermelho e por gratidão mesmo.
Aproveitei, este ano que tenho um blog, para publicar algumas palavras antigas para o meu pai. Amanhã publcarei o meu presente definitivo para ele.
Que Deus continue te iluminando.
A próposito, manteiga derretida era meu apelido quando eu era criança...e continuo merecendo.
Beijos.
Magna
Magna | Homepage | 08.08.09 - 12:20 pm

Marina disse...

É por textos assim que eu adoro esse lugar. O melhor foi reconhecer o título no meio do post. Tudo muito bonito.
Dalleck | Homepage | 08.09.09 - 4:17 am

Marina disse...

Que beleza de post,Marina!Poético até!Obrigada pela visita! Bjos e tudo de bom!
Clécia | Homepage | 08.09.09 - 1:00 pm

Marina disse...

Estás a falar de ti ?
Luna | Homepage | 08.09.09 - 11:48 pm

Marina disse...

Ta tudo girando aí?? AhuAhuAh
Fica tranquila, os meus textos não querem dizer nada mesmo...
Bjs
Rafael | Homepage | 08.10.09 - 5:53 am

Marina disse...

E aí, Marina, voltei. Um dos motivos foi o teu comentário. Realmente, faltava só um incentivo. heheheh
Até post novo (e promessa) tem lá. =)

Esse texto é pra ser uma espécie de songfic? Tipo, texto baseado em música? Ou é a música que foi escolhida pra se encaixar no texto?

ps: gosto mais dos teus textos quando são da perspectiva feminina, ao invés da masculina.
Bjs!
Marcelo | Homepage | 08.10.09 - 4:24 pm

Marina disse...

Quando a gente vê, o tempo passou. Esses momentos não acontecem todo dia, e muitas vezes só percebemos que somos já outros quando temos esses relances do tempo.
Rômulo | Homepage | 08.15.09 - 2:01 pm