sábado, 1 de agosto de 2009

Correntes invisíveis

O diabo é que nunca me ensinaram a viver com alguém. Sou solitário por natureza; fui criado para sê-lo. Sou como o vento, espírito de liberdade, que jamais admitiria ficar atado a alguém. Podem achar estranho, podem até me chamar de maluco. Maluco, devo mesmo ser. Não é algo que me incomode. É dessa maneira que vivo, no meu mundinho, meu universo, e estou satisfeito. Posso passar dias lá, sem me importar com nada mais. Ninguém mais. Nunca precisei de ninguém.

É certo que tenho amigos. As pessoas gostam de mim, por mais estranho que eu seja. Já percebi que gostam de pessoas estranhas. Aprecio a companhia de cada uma, mas, para ser sincero, elas me cansam. E nenhuma, até hoje, fez-me sentir necessidade de estar perto, de me relacionar, de dividir. De mudar. Até aparecer você.

E, agora, creio que nunca vivi uma situação mais complicada. Quero me doar, quero compartilhar, mas todo meu ser luta contra isso. Sou livre, quando navego no meu próprio universo, e não confio em mim mesmo quando preso a alguém, mesmo que sem algemas. Correntes invisíveis. Sinto-me como se quisessem cortar-me as asas e com meu consentimento.

Às vezes, penso que vivo preso à minha solidão. Mas é tão difícil mudar toda uma vida… Você se declarou disposta a esperar, mas será que me esperaria para sempre?


I never stayed anywhere

I’m the wind in the trees

Would you wait for me forever?


Foto por Zeh

11 comentários:

Marina disse...

Lindo texto, Marina! Adorei!
Beijo e bom final de semana!
Leonardo | Homepage | 08.01.09 - 11:24 am

Marina disse...

Oi Marina,

Adorei o texto e me identifiquei em alguns aspectos: gosto das pessoas mas as vezes elas me cansam, e primo por um tempo só meu, apesar de ter plena consciência que estaria melhor com elas. Vai entender.

Abraços e bom fim de semana.
Luciano A.Santos | Homepage | 08.01.09 - 2:35 pm

Marina disse...

Acho que devemos deixar as coisas fluirem, e não ficar pensando muito nelas...
Bjs
Rafael | Homepage | 08.01.09 - 5:15 pm

Marina disse...

:DDD
ZeH | Homepage | 08.01.09 - 7:00 pm

Marina disse...

meio autobiográfico e tudo.
ps: já te disseram que você parece a sandy?
Léo | Homepage | 08.01.09 - 9:22 pm

Marina disse...

Oi, Marina!

Adorei o texto! Creio que tenha um pouco a ver com cada um de nós. Há momentos em que as pessoas não preenchem o que nos falta e há outros em que nos acolhem e nos fazem bem.
Quando nos apaixonamos todos esses critérios vão por água abaixo fazendo com que descubramos atitudes e costumes até então desconhecidos para nós.

Beijo,
Inês
Dois Rios | Homepage | 08.04.09 - 1:28 am

Marina disse...

autobiográfico pra mim mesmo!
Léo | Homepage | 08.04.09 - 5:13 pm

Marina disse...

Muito bom o texto. Até é um pouco parecido comigo e um pouco não.
George Marques | Homepage | 08.06.09 - 1:15 am

Marina disse...

eu gostei... mas porque você não escreveu como menina mesmo???
gilgomex | Homepage | 08.07.09 - 4:01 am

Marina disse...

Até parece que fui eu que escrevi, me identifiquei, rs.

Gostei dessa parte: "Às vezes, penso que vivo preso à minha solidão." Afinal, as asas da liberdade podem não ser nada mais do que as correntes da solidão.
Dalleck | Homepage | 08.09.09 - 4:13 am

Marina disse...

Se doar demais é igualmente difícil e também traz dores ocasionais. Ter encontrado a pessoa certa, a pessoa que nos faz querer ser ainda melhor, é o mais importante, o resto se ajusta mesmo quando a gente não quer.
Rômulo | Homepage | 08.15.09 - 2:04 pm