sexta-feira, 2 de março de 2018

5 dicas para ler "melhor"

Imagem
Ler "melhor". Entre aspas.

Porque, pessoalmente, não acredito muito em uma fórmula para ler. Para mim, o melhor jeito de ler é aquele que se adapta bem à nossa rotina, às nossas particularidades de leitura.

Só que existem aqueles livros mais complexos, cabeçudos, e pode acontecer de você terminar a leitura e ficar com um monte de interrogações na cabeça. Ou nem conseguir concluir. Ou ler e esquecer logo, porque não tirou nada significativo dele. O que você faz? Não lê esse tipo de livro? Claro que não.

A leitura não deve ter limite.

Mas, então você pensa: por onde eu começo?

Como eu já falei anteriormente, o hábito da leitura é um exercício. Consiste em você começar a ler e ir progredindo, como qualquer exercício que a gente faça, seja físico ou mental. Você vai começar por livros mais simples e ir evoluindo para mais difíceis.

Mas mesmo assim, passar para os mais difíceis pode dar uma certa preguiça. Se é para ser uma diversão, qual o sentido de você ler uma coisa que dá trabalho? O sentido é que quanto mais você passa de um nível, mais você deve procurar desafios. A zona de conforto, no final das contas, é um lugar nada mais que confortável. A diversão está fora dessa bolha. A diversão está em, além de se divertir lendo, você se desafiar e aprender coisas novas. Apreciar uma narrativa inteligente. Entender por que aquele autor é tão aclamado. Melhorar o vocabulário. Melhorar a cultura.

Claro que você pode continuar sempre lendo as mesmas coisas. Não tem problema nenhum nisso. É melhor que não ler. Mas se você quer tirar o maior proveito do seu hábito de leitura, eu listei aqui algumas dicas:

1. Procure informações sobre o autor

Imagem
Aqueles autores clássicos, o que eles têm de especial? Com certeza deve existir alguma coisa. Seja a época em que ele viveu, o estilo como ele escreve, o assunto que ele aborda; tudo isso diz algo sobre ele.

Jane Austen resolveu escrever romances num período em que as mulheres viviam para arrumar um marido e ter filhos. Suas histórias ironizam essa busca e apresentam protagonistas com ideias bem incomuns pra época. As irmãs Brontë conseguiram publicar seus livros sob pseudônimos masculinos. Em suas obras, uma lição de feminismo, que talvez para nós não seja tão significativa quanto então.

Essas foram só um exemplo, mas informações como essas podem fazer uma grande diferença na sua leitura. Procure saber um pouco sobre o autor que você está lendo: época, estilo, narrativa. Pelo menos para situá-lo num contexto e facilitar a compreensão.

2. Procure textos auxiliares e resenhas de outros leitores

Foto: Chris Lowel
Não apenas para ajudar na leitura, os textos auxiliares dão algumas informações interessantes e opiniões de críticos sobre o livro e o autor. Para os leitores cuidadosos com spoilers, talvez seja bom deixar para ler os textos auxiliares depois do término da leitura. Então, depois de lê-los, talvez voltar ao livro, em algumas partes a que os textos se referem, para reler e aprender um pouco mais.

Alguns livros possuem textos auxiliares no prefácio. Quando estava lendo Laranja Mecânica, de Anthony Burgess, encontrei alguns na minha edição. Mas você pode encontrá-los também espalhados pela internet ou em outras edições mais novas do livro. Você pode ir a livrarias e folhear outras edições dos livros, à procura deles.

Você pode também procurar resenhas de bons resenhistas na internet. Eu indico sempre o canal da Tati Feltrin, tudo do Homo Literatus e as resenhas da Taize. Como eu não ligo muito para spoilers, às vezes eu procuro por aí inclusive as indicações dos livros que eu leio.

3. Não passe por cima de coisas que não entendeu

Não sei se você faz isso, mas eu já fiz muito: se estou lendo um livro e não conheço uma palavra, muitas vezes procuro entender o contexto dela na frase. É muito importante, para enriquecer o nosso vocabulário, procurar o significado real daquela palavra no dicionário. Isso só se torna um pouco contraprodutivo, porque nem sempre a gente tem um dicionário à mão. Com o kindle fica mais fácil, porque ele procura a palavra no dicionário apenas clicando em cima dela.

De toda maneira, você não precisa fazer isso sempre. Na verdade, você não precisa fazer isso nunca, se conseguir pegar o sentido pelo contexto. Em casos de livros em um idioma diferente do seu, mas que você domina, acaba atrasando demais a leitura se você ficar procurando todas as palavras que não conhece.

Se você conseguir entender pelo contexto, OK. Só não passe por cima delas.

Existem os casos dos livros que colocam frases em outro idioma.

O livro O Nome da Rosa, de Umberto Eco, é com certeza um livro bastante trabalhoso. Nele, encontramos várias frases em latim, um idioma que muita gente não domina, e não tem notas de rodapé com traduções. Então, é importante procurar traduzir você mesmo essas frases para entender o livro, seja através do tradutor do Google, seja por alguns blogs na internet que já tem as traduções prontas. Mas não deixe passar. Passar por cima dessas frases pode comprometer o entendimento completo do livro.

4. Tome notas

Não precisa ficar anotando tudo como se estivesse estudando. Mas grifar partes interessantes ou, para quem não gosta de riscar livros, anotar em algum lugar - cadernos ou mesmo post its -, termina sendo um bom exercício para recordar partes do livro que você não gostaria de perder com o tempo.

Alguns leitores costumam manter um diário de leitura. Isso pode ser feito de várias maneiras. Você pode separar um caderno só para as suas leituras e em cada página fazer uma resenha do livro. Ou em vez da resenha, fazer pequenas anotações, ou anotar frases que você gostou, ou sua opinião sobre um personagem.

Eu acho muito interessante a ideia de fazer um diário de leitura de papel, principalmente se você tem costume - ou gostaria - de manter bullet journal. Eu mantenho um, mas é um diário de escrita, então achei demais ter um diário de leitura também. Como eu tenho um perfil no Skoob, acabo fazendo meu diário de leitura por lá. Anoto pequenas frases ou trechos de que gostei no histórico de leitura do livro e faço uma resenha quando termino. Depois publico aqui no blog.

5. Grupos de leitura

Juntar amigos para fazer um Clube do Livro é, além de divertido, um grande aprendizado. Primeiro que, se você já sabe que vai ter que discutir aquele livro depois, isso faz com que você leia o livro com maior atenção. Segundo, você vai conhecer outros pontos de vista e outras opiniões. É enriquecedor.

Se você não consegue reunir amigos para ler, pode procurar esses grupos na internet. Por exemplo, o #infinistante. Eu já participei de alguns, mas há algum tempo decidi manter meu próprio ritmo de leitura, para não atrapalhar o progresso de escrita do meu segundo livro. Então fiquei só com o Desafio Literário. Como alguns amigos e leitores participam dele e eu estou sempre escrevendo resenhas, acabo sempre discutindo alguns livros com um ou outro.


"Muitos não sabem quanto tempo e fadiga custa a aprender a ler. Trabalhei nisso 80 anos e não posso dizer que o tenha conseguido."
– Goethe

--

Então, o que achou? As dicas foram úteis para você?
Não esqueça de curtir o post e deixar seu comentário.

2 comentários:

Maria Ximenes disse...

Menina, é praticamente um estudo huaehaeuae esse gif de Hermione combinou certinho xD Mas me deu vontade de fazer um clube do livro contigo! Quem sabe quando eu conseguir completar o desafio?

Marina disse...

É tipo um estudo mesmo. Por isso eu disse que só é importante pra aqueles livros pesados, que a gente queira realmente se aprofundar.

Ia ser massa fazer um clube do livro contigo <3
A gente pode começar fazendo uma discussão do Conto a Aia, que a gente já tá lendo. Regada a cerveja.