"João foi um pobre como nós, meu filho, e teve que suportar as maiores dificuldades numa terra seca e pobre como a nossa. Pelejou pela vida desde menino, passou sem sentir pela infância, acostumou-se a pouco pão e muito suor. Na seca, comia macambeira, bebia o suco do xique-xique, passava fome.
E, quando não podia mais, rezava. E quando a reza não dava jeito, ia se juntar a um grupo de retirantes que ia tentar sobreviver no litoral. Humilhado. Derrotado. Cheio de saudade.
E logo que tinha notícias da chuva, pegava o caminho de volta, animava-se de novo, como se a esperança fosse uma planta que crescesse na chuva. E quando revia sua terra dava graças a Deus por ser um sertanejo pobre, mas corajoso e cheio de fé."
Ariano Suassuna: imortal como Pernambuco, a terra que ele chamou de sua.
2 comentários:
Belíssima homenagem.
:*
O Auto da Compadecida é uma obra divertida e inteligente, para todas as idades. Desde muito pequeno já me deliciava com a versão dos Trapalhões, e depois com o filme.
Perda irreparável, Ariano Suassuna era um gênio que sabia mexer com o imaginário do povo.
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