quarta-feira, 24 de julho de 2013

Resenha: O Velho e o Mar

Já tinha lido um livro de Hemingway, antes de ganhar este de presente de dia dos namorados do abuso da minha vida, no ano passado. É daqueles livros que você termina em um dia e, diferente d’A Obscena Senhora D, eu acabei em um dia mesmo. Mas também, apesar do livro de Hilst ser meio “vomitado”, o de Hemingway, assim como todos os livros dele, tem a característica única de ser incrivelmente fluido.

O velho e o mar conta a história de uma única pescaria, na vida de um velho pescador. Não conta a história da vida do pescador, mas de um dia específico em que ele sai para pescar e esta se torna a pescaria mais importante da vida dele, em que ele passa dias lutando contra um só peixe. Depois de vários meses voltando para casa sem peixe nenhum, o velho e experiente pescador tinha ficado desacreditado no vilarejo e apenas uma única pessoa, um menino, ainda acreditava nele. E, sempre com o pensamento em não desapontar o menino, o velho partiu em sua pescaria, prometendo a si mesmo — e ao menino — pegar o maior peixe jamais visto.

Se qualquer um fosse escrever essa história, não conseguiria encher duas páginas, além do que aposto que ficaria uma porcaria. É o que eu pensei, antes de começar a ler: sério que o livro inteiro é a narração de uma única pescaria? Inexplicavelmente, Hemingway leva 126 páginas discorrendo sobre a pescaria, os temperamentos do mar, o sofrimento físico do velho, a solidão no barco, algo sobre beisebol... E só. E até agora, não sei como eu cheguei ao final do livro sem que ele tenha ficado entediante. Ele não foca na personalidade de ninguém, nem comenta sobre a vida do velho antes daquela pescaria. É só aquele momento e a luta entre o velho e o peixe. Fora que o velho é uma pessoa bem humilde e não se detém em divagar sobre a vida, o universo e grandes pensamentos filosóficos. Apenas o beisebol, que ele acompanha através de jornais velhos e do menino.

Então, se você espera grandes acontecimentos deste livro, esta é apenas a história de uma pescaria e um homem que viveu para aquele ofício. E a beleza dele. E a escrita inigualável de Hemingway, que, como sempre, não consegue ser ignorada.

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