Tanto para dizer e uma página em branco. Que continua em branco, mesmo que eu escreva mil palavras. Que escreva e apague. Ou não apague, mas tenha vontade. Continua sendo uma página em branco, porque não diz nada. Ao menos, nada do que eu gostaria de dizer.
Poderia falar das paisagens, que tão bem conheces; das casas, das árvores, das flores. Sim, falarei das cores, das tantas combinações, tão exatamente aquelas que sempre vimos. Até mesmo do tom cinza das construções, das pontes, dos enormes edifícios. Tu lerias, reconhecerias, quem sabe até esboçarias um sorriso. Ou talvez não; talvez amassasses tudo e lançasses ao lixo. Afinal, quem quer saber das cores?
E se eu falasse dos sons, do burburinho das ondas, dos pássaros, do vento? Ou do aroma das especiarias, dos dias ensolarados, da chuva muda que batia à nossa janela? Será que tu lerias com aquela mesma atenção com que me fitavas os olhos, naqueles dias? Será que te lembrarias?
Como posso saber? Queria te ver, ver teus olhos, teu sorriso e tuas lágrimas. Mas tudo que eu vejo é uma página em branco.
"Reach out to me, call out my name
And I'll bring you back again
Today"*
Imagens por: stock.xchng
*Música: Home to stay
12 comentários:
Parece fácil como eu disse.
Muito bonito ela tentar escrever algo pra que ele leia com a mesma intensidade com que olhou/leu.
Muito bom. Fácil. Suave, rs.
Moça,cê tem ultimamente tocado na carne,por assim dizer,nada mais pode definir,enfim,belo.
abraço !
Melancolia na veia.....
Sabe que depois de pular as ondas e soltar os rojones me bate uma dessas tambem?
Mesmo sem motivo, mesmo sem amor... who knows?
Blu!
Ruim mesmo seria ver um olhar em branco... esse DÓI!
Antes da letras as páginas em branco, sempre precisa estar em branco pra conseguir escrever nelas novamente.
Muito bom texto Marina, melancolia, tristeza, solidão, e mesmo assim no fundo aquela esperança pra que a página em branco se vá.
Grande beijo.
Algumas pessoas têm uma página em branco e não fazem nada com ela.
Você? Você fez mágica nesse texto.
E este
é o nome que se dá à ausência,
quando a noite e a poeira
dos astros pousam
sobre a ranhura dos olhos.
Albano Martins
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Talvez os versos de AM exprimam com mais exatidão o que li na tua página em branco.
Beijos ternos, querida Marina!
Inês
Retribuindo a visita (:
E, de verdade, acho muito difícil alguém se incomodar...
Beijos!
Eu quero saber das cores.
Branco é a cor que mais faz estragos.
Ah, esqueci de dizer: estava com saudade de te ler.
Marina,
Você é tão verdadeira, tão simples e tão profunda... Juro que consegui "sentir" seu texto: uma extensão dos sentidos físicos. Estava com saudade de ler os teus textos.
A vida anda louca, como sempre, mas agora mais. Acho que em fevereiro as coisas voltam a ser um pouco menos surreais do que nos últimos seis meses. Então, com certeza, voltarei a ser um visitante frequente.
Tenha um bom ano!
belíssimo!
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