"And there's nothing but silence now"*
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Velório
quarta-feira, 14 de abril de 2010
1/2 ambiente

"As folhas que caem no rio
Terminam nas águas do mar."
Eu sinto falta da natureza, de como ela era antes de ser tão maltratada. Sinto falta do verde que conheci, um dia; mesmo que então já fosse raro. Falta das árvores que foram derrubadas para a construção de um prédio, no lugar da minha antiga casa. Elas, que sempre atrapalharam o progresso, mas que todo mundo se esquece de que estavam aqui antes de nós.
Tenho saudade de brincar ao sol sem me queimar, de esquecer que o sol é fogo, de pensar que ele é apenas uma fonte natural de calor. Sinto falta de passar protetor solar somente para ir à praia e não para sair do carro e andar dez metros até a porta do trabalho. Sinto falta de não temer o sol.
Também sinto falta do ar puro que respirei, um dia. Da água, que azulava o nosso planeta. De olhar pro céu à noite e ver estrelas. Poucos são os lugares onde ainda as conseguimos ver. Sinto falta da chuva fina no inverno e do calor no verão, ao invés desse tempo maluco, das tempestades e enchentes em qualquer época do ano. Sinto falta da imprevisibilidade previsível.
Há quem diga que estamos acabando com o planeta. Não, acabamos com a nossa própria vida. Então, num futuro muito próximo, o mundo ficará livre de nós. E só então estará em paz.
"E vai chover quando o sol se cansar
Para que flores não faltem."
Imagem por: stock.xchng
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Outra vida
Foi quando, no fundo de uma gaveta, encontrei uma fotografia antiga. Talvez não tão antiga, mesmo que parecesse ser de uma época muito distante, de tanto que a vida mudara, desde então. Os rostos da foto eram felizes, coloridos, sorrisos e olhos brilhantes. Tão diferente de hoje. A sensação era de que, se tirasse uma foto hoje, ela seria toda em preto e branco.
Segurei aquela fotografia por um momento e observei-a. Não senti nada diferente. O aperto no peito, a dor, o coração sangrando já estavam aqui. As lembranças não me invadiram como um turbilhão; elas já rondavam a minha cabeça exaustivamente, como desde sempre. A esperança não voou pela janela quarto adentro, verde e ansiosa por atenção; ela nunca fora embora, mesmo na hora em que tudo o mais se acabou e ela pareceu perdida.
Era outra vida. Lembrava-se bem do olhar tão adorado, tão inesquecível. Também dos maravilhosos momentos. Da aurora da felicidade. Do escurecer da partida. Do abrir-se da ferida, que assim permaneceria durante muito tempo. Peguei a foto com as duas mãos e, sem pena, rasguei-a em pedaçinhos, abandonando-os no fundo da lixeira. Não precisava de fotos para me lembrar de que, um dia, fora feliz.
"In my heart lies a memory
To tell the stars above
Don't forget to remember me, my love"