sábado, 9 de agosto de 2008

Um de nós

Da minha janela, vejo um balanço, no playground do parque. Aquele lugar me traz recordações, belas recordações. Há uma semana não vou até lá e, desde então, é a primeira vez que boto a cabeça pra fora da janela para observar. Não consigo evitar uma lágrima teimosa. Apenas mais uma, das tantas que já derramei, nesses últimos dias.

Foi naquele parque que nos conhecemos. Eu estava sentada no balanço, amarrando os cordões dos meus tênis, quando o vi passar, com seu cachorro. Notei que, quando o animal latiu para mim, ele me olhou, apenas com o canto dos olhos, e sorriu para si mesmo. Era orgulhoso, percebi. Eu também era. Mas Mike, o simpático cãozinho, não desistiu e latiu mais uma vez, chamando a atenção do dono para mim. E foi assim que nos conhecemos.

Começou bem, agradável, divertido; mas foi definhando, como uma rosa quando arrancada do pé. Depois de um mal entendido, nenhum de nós quis se explicar, nem ir atrás do outro para que se explicasse. Tornou-se doentio; cada um competindo pelo prêmio de maior orgulho. Não houve vencedor.

Quando a coisa vai mal, alguém tem que tomar alguma providência. Foi assim que eu dei um fim a essa encenação toda: um de nós teve que ir.


One of us is lonely

One of us is only waiting for a call...

Sorry for herself, feeling stupid, feeling small

Wishing she had never left at all

(ABBA - One of Us)


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