quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Não-texto

Disse que escreveria um livro se saísse dessa viva. Como ainda não saí, também não deixei essa vida, fica este texto. Talvez sirva para dizer o que não precisa ser dito, a alguém que não mais leria, de uma maneira que não se fará entendível. Então este, além de um texto, termina sendo um não-texto. Porque nunca vou conseguir explicar nem a mim mesma.

O meu maior problema é que preciso entender que não preciso entender tudo. As coisas acontecem, as pessoas fazem coisas; nem sempre fazem sentido. Nem sempre precisam fazer. Sentimentos não são preto no branco, nem sempre as pessoas agem como todo mundo age. Ou como a gente espera. Só que nunca se acha que tudo o que a gente aprendeu na vida é tão diferente do que se passa na cabeça de outra pessoa. Não era para ser tão confuso, ou tão extraterrestre. Gostaria de poder explicar o inexplicável. Mas nada me é dado para concluir meu raciocínio. Não tenho nada. Nunca tive.

Então, fico aqui, no meu não-texto, explicando o nada, sem explicar nada. Mas precisando tocar a minha vida. Então, mandei tudo à merda. Entre me decidir a tocar para frente ou para trás, eternamente, fiquei com tocar para frente. Agora, sem medo e sem desculpas. O máximo que pode acontecer é ter que voltar depois para o mesmo ponto de partida. De onde nunca saí.

 
"Deixa tudo o que eu não disse mas você sabia 
Deixa o que você calou e eu tanto precisava 
Deixa o que era inexistente, mas pensei que havia 
Deixa tudo o que eu pedia, mas pensei que dava"

Imagem: GettyImages

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Amor: Jane Eyre

Pela primeira vez na vida, eu chorei com um livro. OK, até fiquei bem triste com o 5º e o 6º Harry Potter, mas não cheguei a choraaar de verdade com nenhum dos dois. Mas o que aconteceu com Jane Eyre, de Charlotte Brontë, foi inusitado. Inusitado porque: 1) Eu já sabia a história inteira por ter lido várias resenhas; 2) Eu já tinha visto umas duas adaptações pro cinema, uma delas protagonizada por Mia Wasikowska e Michael Fassbender (♡♡). Também já ouvi falar de uma série de televisão da BBC e pretendo ver logo que encontrar, dizem que é a melhor adaptação. Escolhi este livro pro Desafio do mês de outubro porque foi o único romance que me interessou ler, nesses últimos tempos. Love is not in the air.

O livro conta a história da personagem que dá nome ao livro, Jane Eyre, uma órfã que foi criada na casa da tia e, posteriormente, mandada a uma escola para meninas. A vida toda, ela passou por várias provações e privações, inclusive fome e frio, pois era uma escola de caridade e não havia comida, agasalho e fogo suficientes para todo mundo. Depois de seu período de escola, ela vira professora e decide ir para uma casa de família trabalhar como governanta, quando ela conhece o amor da sua vida, seu patrão, Edward Rochester.

Para a época, Charlotte Brontë criou uma história revolucionária. A gente pensa que vai ler algo de um feminismo mais sutil, como nos livros de Jane Austen, mas se depara com uma mulher em busca da sua liberdade de ideias e financeira. Jane Eyre nunca quis nada além de poder se sustentar e viver a vida como desejasse, sem homens lhe dizendo como pensar e como agir. Isso fica claro desde o começo do livro, mas esse fato fica gritante mais pro final. Há quem diga que o livro não é exatamente um romance. Eu concordo. Está cheio de elementos de drama, suspense e algo de sobrenatural. Houve uma hora em que eu pensei que veria algo como em O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heights), obra escrita por outra irmã Brontë, Emily. Ambos romances vitorianos. É interessante ver os elementos góticos, presentes nos dois, muito mais evidentes no romance de Emily. Mas ainda presentes em Jane Eyre.

Charlotte escreveu neste romance muitas das coisas que viveu, de ser aluna de um colégio de caridade, de ter sido professora e de ter sofrido privações. E também colocou nele seus pensamentos, sua coragem e seu feminismo. O livro foi publicado inicialmente com um pseudônimo masculino e ela só assumiu a maternidade dele depois. E recebeu muitas críticas por isso.

Aí me perguntam se eu indicaria a leitura. Indico para aqueles que conseguem ler considerando as influências históricas do livro, o papel que ele teve numa geração e até mesmo na vida da autora. Porque, primeiramente, é um romance romântico, daqueles bem melosos. Eu gosto do estilo, mas conheço gente que não conseguiria ler. Então, vale para entender uma época, juntamente com uma maneira de se pensar e costumes diferentes. Eu acho válido e eu adorei a experiência.

--
Esta é uma resenha para o Desafio Literário do Tigre 2014, do blog da Tadsh. O tema de Outubro é "Amor": ler e resenhar um livro que conte uma história de amor. Para saber mais sobre o desafio, entre na fanpage ou saiba mais no blog.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Abraçando Patinhas

No início de 2011, meu cachorrinho e grande amigo Willy faleceu, de problemas cardíacos. Foi um período bem difícil e acho que nunca superei por completo. Nunca se supera a perda de um amigo. Desde então, eu e minha família nos recusamos a ter outro bichinho, porque ficamos muito tristes. Eis que, em agosto deste ano, eu ganhei um novo amigo, que chamo de Luke Skywalker. Meu pai me deu esse fofinho (que está fazendo pose nas fotos aí abaixo), contra tudo o que havia prometido a si mesmo, para que eu superasse outra grande perda, que não vem ao caso falar agora. Não cheguei a superar também, mas nada como um carinho de cachorro para cuidar da gente, enquanto a gente cuida dele.


Minha casa agora virou um caos típico de quem tem filhote; é jornal para tudo quanto é lado, papel rasgado, cocô e xixi em lugares inusitados e muitos sapatos mastigados. Mas tornou-se um lugar mais feliz. Luke tem sido meu companheiro de fins de semana tediosos, de dias chuvosos e de lanchinhos na madrugada. E de posts emocionantes, porque ele está deitado no meu colo neste momento e eu já me emocionei desde as primeiras linhas. Ele ficou aqui lambendo a minha mão.

Existe uma coisa que só um bichinho faz pela gente, que é essa coisa de amor incondicional. Você pode brigar com ele e ele não vai ficar com raiva de você. Você pode deixar ele esperando e ele vai fazer uma grande festa quando você chegar. E ele vai te esperar para sempre, mesmo se você o abandonar. A fidelidade de um bichinho não acaba com o tempo, com maus tratos, nem mesmo com o abandono.

Assim sendo, o projeto Abraçando Patinhas promove uma campanha sobre a conscientização em torno da adoção de animais e pela Guarda Responsável, cujos pilares são:
  1. Educação das crianças sobre a necessidade do respeito aos animais
  2. Denúncia e vigilância contra maus tratos aos animais
  3. Castração dos peludinhos pra evitar o abandono dos filhotes não planejados
  4. Vacinação para todos
  5. Visitas regulares ao veterinário
  6. Conscientização contra os abandonos, principalmente no final do ano
  7. Necessidade de auxílio aos cães e gatinhos mais idosos
  8. Alimentação digna e saudável
  9. Espaços adequados para a diversão e bem-estar
  10. Higiene constante do local onde moram e também deles mesmo

Além disso, o projeto está apoiando uma ONG (ABEAC – Associação Bem Estar Animal – Amigos da Célia) responsável por 1100 cães e se comprometendo a doar 1 tonelada de ração. Mas todos podem ajudar. A principal missão da ONG é encontrar lares definitivos para cada um dos cães resgatados por eles. No caso de animais com menos chances de serem adotados, como é o caso dos idosos ou com problemas de saúde, o compromisso da ABEAC é dar uma vida digna enquanto eles viverem. A ONG também promove ações de conscientização da guarda responsável e de conscientização/implantação de programas de castração junto à comunidade onde está localizado o canil.

E aqui estou eu, neste post, divulgando a causa e reforçando meu apoio. E, claro, demonstrando o amor que eu sinto por todas as patinhas do mundo, em especial a estas aqui que estão no meu colo, há dois meses já. Cuidando de mim e aquecendo o meu coração.

“Esta blogagem coletiva faz parte do projeto Abraçando Patinhas, uma iniciativa do Rotaroots em parceria com a marca de ração Max – da fabricante Total Alimentos (http://www.maxtotalalimentos.com.br/). Esta iniciativa reverterá na doação de 1 tonelada de ração para a ABEAC (http://www.abeac.org.br/), ONG responsável pelo bem estar de cerca de 1100 cães. Saiba mais sobre o projeto no site do Abraçando Patinhas (http://rotaroots.blog.br/abracandopatinhas/) ou participando do grupo do Rotaroots no Facebook (https://www.facebook.com/groups/rotarootsblogs/).”

sábado, 4 de outubro de 2014

Nada mudou


Mesma insônia
Mesmo quarto
Mesmo travesseiro
Mesma janela
Mesma espera
Mesma esperança
Mesma ausência
Mesmo vazio
Mesmo nada
Nada mudou
E tão diferente
Sentimentos diferentes
Perda
Perdida
Perdão
Tudo diferente
Nada mudou.



Imagem: GettyImages