domingo, 26 de abril de 2009

Novidade...

— Você não confia em mim?

— Em você, sim. Não confio no amor. Ele inventa novidade demais.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Colecionador





"A gente ri, a gente chora

E joga fora o que passou..."






Tenho mania de guardar coisas. Mesmo velhas, usadas e gastas; algumas nem funcionam mais. Mantenho todas numa estante, ou em alguma gaveta, só pelas lembranças que elas me trazem. O problema de tudo termina sendo o espaço, ou a falta dele. É quando eu não vejo outra escolha a não ser me desfazer de algumas das minhas preciosidades.

Todo dia de faxina é uma novela; dói quando separo as coisas que não prestam das que ainda me servem. Com lágrimas nos olhos, jogo no lixo as que ficaram no primeiro grupo. Tem que ser, afinal não vale a pena guardar só para poder contemplá-las, enquanto elas só fazem juntar poeira, entulhar, atrapalhar a passagem. Tem que existir uma reciprocidade.

Há algum tempo, joguei muitas das minhas tralhas fora. As lembranças ficaram, agora sem ocupar espaço, sem interferir na minha vida. Hoje, encontrei uma delas fora do lixeiro e, do nada, ela começou a funcionar, como se tivesse se arrependido de ter quebrado. Fiquei feliz em colocá-la outra vez em seu lugar, para exercer a função que tinha antes. Mas, me pergunto, quanto tempo será que durará agora? Para sempre?


O Palavras de Papel está de volta, com muitas cartas e a história que continua.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Janela

Aqui, do outro lado do mundo, trancado num cubículo frio e úmido, meu olhar se mantém fixo na única luz presente — uma janela acesa, no meio da escuridão. O único ruído audível é o dos meus dedos alcançando as teclas de um piano sem som. Apenas palavras são possíveis naquele angustiante contato; palavras silenciosas. Mas quase sinto a textura das suas mãos, quase sinto tocar seu rosto e ouvir seu riso fácil. E através daquela janela iluminada, posso ver seus olhos, numa foto tirada recentemente.
Levanto-me, abro um livro. Está escuro demais para ler. Olho o violão, mas desisto. Faltam-lhe duas cordas. Volto à janela e encaro seus olhos outra vez. Faço-lhe uma pergunta, mas a resposta não vem. Espero, assim como você sempre me esperou. Como anda sua vida? Seus amigos ainda devem insistir que não temos futuro; você deve estar cansada disso. Será que ainda espera? Você sabe que foi a necessidade que nos manteve separados, todo esse tempo, com tanto mar entre nós. As pessoas dizem para desistir, que a saudade tende a diminuir com o tempo. Bem, não a minha. Mas nada posso dizer quanto a sua.
A resposta não chegou. Talvez a rede tenha caído. Se eu tivesse outra coisa para fazer, talvez a angústia não me invadisse daquela maneira. Angústia e dúvida. Esperarei você voltar. E, um dia, serei eu a atravessar tanto mar só para vê-la, apenas mais uma vez. Mesmo que você não queira mais me ver.


"Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar…
Sei também como é preciso
Navegar, navegar…"

sábado, 4 de abril de 2009

Um pequeno pensamento

De pessoas que não valem a pena,

Prefiro aquelas que não fingem ser minhas amigas.