quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Culto

Tinha acabado de chegar com meu pai ao culto ecumênico de formatura da minha prima, filha do irmão dele. Chegamos bem atrasados e perdemos grande parte dos sermões, ficando apenas com as considerações finais dos palestrantes religiosos convidados. Permanecemos de pé, um pouco atrás, e eu comecei a tentar entender o assunto abordado. Eis que vejo um rosto familiar entre os palestrantes.

— Ei, painho. Vê como aquele pastor parece com tio Tato.

Tio Tato é o irmão dele, pai da minha prima formanda.

— É...

Silêncio. Ou melhor, o padre falava para os formandos alguma coisa sobre a importância da profissão deles para o mundo. Eu olhei o pastor com mais atenção.

— Ô, painho... Tio Tato é pastor?

— Acho que é.

A mulher do cerimonial começa a cantar uma música de igreja ao microfone. Olho pro meu pai com a maior cara de "¬¬".

— Painho. Aquele é tio Tato.

Pior mesmo foi, depois de tudo terminar, fingir que achamos lindo e inspirador o sermão a que nem sequer tínhamos presenciado. Eu, sem saber onde enfiar a cara e ensaiando a minha melhor expressão de "pff, lógico que eu vi e achei perfeito", na mais perfeita rasgação de seda. Nem desconfiaram. Eu espero.


Imagem: GettyImages

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Selo de Qualidade

Tive a honra de ganhar este selo fofo da fofa da Nanda, do Zonzobulando. Depois de um tempão acompanhando o blog dela, descobri um dia desses que o nome dele é em homenagem aos zonzóbulos, que a Luna, de Harry Potter, usa uns óculos esquisitos para poder enxergar. Foi engraçado ver os zonzóbulos espalhados pelo blog o tempo todo e eu, uma #potterforever (mas daquelas bem distraídas), só ter percebido isso quando ela falou. Preciso encontrar onde compra aqueles óculos.

As regras do selo consistem em responder algumas perguntas e depois repassar a 15 blogs.

Nome: Marina.

Uma música: The long and winding road - The Beatles.

Humor: Indeciso.

Uma estação do ano: Inverno.

Como prefere viajar: Sempre tive vontade de viajar de trem, mas nunca pude.

Um seriado: Só um? Vou de Glee.

Frase ou palavra mais dita por você: "Meu irmão, véi!"

O que achou do selo: Interessante o design dele, bem fashion.


Acho legal essa coisa de criar selos para recomendar a outros blogs e criar um elo entre blogueiros. Só que, em quase três anos de blog, já recebi alguns, mas nunca repassei um selo antes. *Vergonha*

Como me sinto ainda meio perdida, vou começar devagar, repassando só a 5 blogs. Aqueles que receberem, podem repassar aos seus 15.


- A Vida é Laranja: Minha querida amiga etê laranja e suas aventuras num mundo cheio de glúten.

- Quero um sanduíche de queijo: Meu amigo Bruno serve à la carte um mundo literário com Cheddar, Prima Donna, Gouda ou qualquer outro queijo à sua escolha.

- Mais que Palavras: A poesia e a prosa poética de Rebeca, que não usa as mãos para escrever, mas a alma.

- O Elemento Fogo: As peripécias hilárias de Larissa, que faz graça até com desgraça. Mas também nos surpreende com uma música de Charles Chaplin ou um desabafo inesperado.

- As Valsas Invisíveis: Poemas e textos visíveis de Eduardo, que vive atento à poesia do mundo e às suas imagens. Ah, a capacidade de capturar um momento e eternizá-lo...


Ainda tive vontade de homenagear outros blogs, mas prefiro deixar para outras oportunidades. Adorei o presente, viu, Nanda? Obrigada!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Peixe-boi

Estava tomando água de coco na beira da piscina, à sombra de um coqueiro, na praia, numa vida beeem difícil. Ao longe, só vejo meu primo, depois de tomar umas, correndo pela praia e gritando:

— Peixe-boi! Peixe-boi!

— Hein?

— Um peixe-boi no mar! Logo ali!

Corri para ver, né? Não é todo dia que a gente vê um peixe-boi numa praia que mal aparece peixe normal. Praticamente o pessoal todo do condomínio foi atrás, para ver o dito-cujo. Chegamos à beira da praia, todo mundo procurando de um lado pro outro do mar, até que meu primo aponta:

— Olha ali!

— Onde?

— Aquela coisa escura ali.

Meu tio entrou no mar, para ver mais de perto. Não era peixe-boi nenhum; era um bolo enorme de sargaço. Alga seca. Bêbado é uma merda mesmo.

Imagem daqui

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Não dito

Fui dormir com aquilo na cabeça. Uma conversa pendente, um assunto inacabado, coisas que deveria ter dito e não disse por receio de não ser compreendida. Ou, até mais provável, preguiça de conflitos. Falta de paciência. Mas odeio coisas não ditas. Nunca deixo de dizer o que estou pensando, de deixar claro que não aprovei alguma insinuação. Porque acaba que depois o "não dito" me aperta a garganta e me impede de agir com naturalidade.
Às vezes, estou sendo apenas sensível demais; então, eu falo depois de pensar um pouco. Já me aborreci muito com sentimentos guardados, mágoas reprimidas, amizades penduradas. Até um dia explodir e dizer coisas piores que aquelas que não foram ditas. Magoa mais. Devasta mais.
Mesmo assim, fui dormir com aquilo na cabeça. Pensei que esqueceria, porque não costumo dar tanta importância ao que pensam pessoas que não são próximas, ao menos a longo prazo. Mas algumas importam. E incomoda. Algumas, de alguma maneira, importam tanto que causa revolta. Eu fui dormir com aquilo na cabeça. E não dormi.



"I want to tell you
My head is filled with things to say
Maybe you’d understand."

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Memories



"You and I have memories
Longer than the road that streches
Out ahead

You and me chasing paper
Standing so low
In the sun...
We're on our way home.
We're going home."


... Espero que ele esteja em casa agora.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

House M.D.

Estava tentando fazer um planejamento complicado de um caso de ortodontia, sem nenhum sucesso. Não vou entrar em detalhes muito técnicos, porque quase ninguém vai entender mesmo, mas, basicamente, estava tentando achar uma maneira, um aparelho ou uma modificação de aparelho para fazer determinado movimento dentário. E eu, revirando meus livros e revirando a internet, não encontrei nada. Estava já puxando os cabelos, quando resolvi deixar pra lá e entrar no GTalk, para conversar.
Eis que encontro a Helô:
—... Pois é, eu já tava ficando de saco cheio, sabe, aí vim aqui desestressar. Não tava aguentando mais.
E ela:
— Aí agora é a hora que eu digo qualquer besteira e você tem uma ideia genial pro seu problema, como em House. Eu sou seu Wilson!
Meu problema nunca foi a falta de amigos com senso de humor.