segunda-feira, 31 de agosto de 2009

BlogDay 2009

Blog Day 2009

Participei, no ano passado, do BlogDay 2008 e achei a coisa toda muito legal, apesar de ainda estar meio perdida nessa coisa toda de blog, na ocasião. O “Dia do Blog”, ao pé da letra; logo, não é uma comemoração qualquer. É a celebração de tudo o que ter um blog significa. É o dia em que os blogueiros recomendam novos blogs aos seus visitantes.

A proposta é ter um dia dedicado a conhecer outros blogs, de outros países ou de outras áreas de interesse, para que possamos expandir nossa área de leitura e conhecimento. Portanto, o ideal é que os blogs recomendados sejam blogs de propostas, culturas, assuntos diferentes do seu próprio. Então, eu não vou listar aqui exatamente o meu Top 5, mas aqueles blogs que eu visito sempre e, na minha opinião, são excelentes e poderão acrescentar muita coisa a quem, eventualmente, vier navegar por estas humildes águas.


  1. Insight: Um blog que fala de arte, acima de tudo. Arte digital, design de sites, blogs. Um blog sobre criatividade, inovação e inspiração, com excelentes templates exclusivos e tutoriais próprios. Ou seja, a arte já começa por parte dos próprios criadores. Apresenta também ferramentas úteis para blogs, dicas de efeito em imagens e portfólios de outros artistas para que leigos, como eu, conheçam.
  2. Conversa de Português: Quem me conhece, sabe que eu sou meio aficionada por gramática. Neste blog, você tira dúvidas, fica por dentro das novidades na língua portuguesa — é sempre bom saber um pouco mais sobre a reforma ortográfica (com a qual ainda sou meio indignada) — e sobre autores que fizeram nossa história.
  3. Um Sábado Qualquer: Excelente blog de tirinhas de humor leve sobre a Criação. Na primeira vez que dei uma passadinha por lá, só consegui sair depois que li tudo do começo ao fim. Não tem nada sobre convicções ou crenças; como o próprio autor diz: “Aposto que até Deus, lendo-as, estará dando boas gargalhadas.” Eu sou da opinião de que Deus tem senso de humor, ou já teria acabado com esse mundo há muito tempo.
  4. Blosque: Impossível não o citar na minha lista. Com posts como “Os 7 pecados capitais que os blogueiros cometem” e “Como usar imagens no seu blog sem ferir direitos autorais”, o blosque é praticamente um manual de instruções de como se utilizar um blog. Todo blogueiro deveria dar uma lida no que tem por lá para não sair cometendo as usuais “gafes bloguísticas”. Mesmo depois de um ano (não que seja muito tempo), eu ainda tenho muito que aprender. Definitivamente, não dá pra largar o blosque.
  5. Meus Rabiscos: Um blog de ilustrações incríveis, feitas principalmente para livros infantis. O traço da Luciana é leve e inocente, faz a gente querer voltar a ser criança e sonhar. Dá prazer admirar o trabalho dela e eu acho uma pena que ela nunca mais tenha atualizado. Uma boa dica para a Andréia, que tem um talento especial com escrita e com crianças: se um dia resolver escrever um livro infantil, chame a Lu para fazer os desenhos. Gente, seria um sucesso!

Espero que todos se divirtam navegando pelos blogs indicados. E um ótimo BlogDay a todos! Vamos comemorar!


sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sexta-feira

“Caramba, como fazer tudo isso num só dia?”, era meu pensamento naquela manhã de sexta-feira. Mas, como não podia me atrasar, tratei de começar logo. Tomei banho, fiz o café voando e saí pro trabalho, só pensando em pegar a fila do banco na hora do almoço. E ainda almoçar depois. Ou antes.

Foi depois, em dois minutos, num almoço engolido. Voltei pro trabalho ainda mastigando. Pensei no chá de panela que teria que ir, mais tarde. Não tinha como dar um jeito de sair mais cedo do trabalho, então pegaria o trânsito das 18h e chegaria um pouco atrasada mesmo.

OK, bastante atrasada. Duas horas depois, estava eu com o presente nas mãos, me preparando psicologicamente para as brincadeiras sem graça. Por sorte, ou mais provável, pelo meu atraso mesmo, elas já tinham acabado. Ficaram só aqueles grupinhos de fim de festa rindo e fofocando. A parte boa. Falei com as pessoas, fiz um lanche e tratei de sair logo pra um jantar de aniversário, num restaurante. Talvez ainda não fosse tão tarde.

Era bem tarde. As pessoas brincaram, perguntando se eu ia jantar ou tomar café da manhã. Ainda comi alguma coisa, conversei com as poucas pessoas que ainda estavam por lá, antes de ir todo mundo embora. Inclusive eu, que ia, abençoadamente, para casa.

Finalmente, em casa. Tomei um banho, coloquei uma roupa confortável e sentei-me na minha cadeira. Liguei o computador, olhei o e-mail, vi os comentários no blog, os últimos tweets. Tamborilei com os dedos na mesa e suspirei:

“Saco. Plena sexta-feira e nada para fazer.”


Imagem: stock.xchng

domingo, 23 de agosto de 2009

Prólogo de uma carta


Sempre me foi mais fácil escrever que falar. Escrevo sem olhar nos teus olhos, aqueles tiranos que me tiram a concentração e me bambeiam os joelhos. Escrevo sem interrupções do som da tua voz, ou da simples visão do movimento dos teus lábios. Os ditadores do meu estado de espírito. Escrevo sem oscilações de humor; apenas eu e o papel. É fácil lidar com o papel.

Falar necessita de uma técnica a mais, que não domino. Não controlo a respiração ofegante, o suor nas palmas das mãos, o tremor na voz. E, além de tudo, o medo de não conseguir dizer tudo. Ou de falar demais. E, quando o nervosismo ataca, acabo falando demais.

Tanto a dizer e nenhuma palavra sai de minha boca. Nenhuma palavra parece certa quando perto de ti. O jeito é escrever uma carta e pôr todas elas, certas ou erradas, em frases que te possam encantar. Como inspiração, tenho a lembrança do teu rosto. Perdoe-me se, talvez, ela não te fizer justiça.


Texto para a Blogagem Coletiva de agosto proposta pelo blog Vou de Coletivo!, com o tema "Cartas de Amor".

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Poliglota

Eu nunca disse que as pessoas aqui de casa eram normais. Na verdade, para ninguém ter falsas esperanças, sempre conto histórias confirmando que são bem pouco mentalmente sãs. Dessa maneira, é até aceitável que quem conviva conosco seja um tanto diferente também. É o caso do meu cachorro, Willy, um yorkshire tamanho mínimo, de pelos caramelos e pretos, com alguns fios brancos típicos da idade, e focinho gelado.

Quando adotamos Willy, ele parecia um cachorrinho normal. Talvez até fosse, vai saber. Ele chegou bem jovem, assustado, como se por instinto já soubesse que havia algo bizarro por aqui. Em poucos dias, como qualquer cachorro comum, ele aprendeu a latir. Foi quando percebeu que aquela era uma língua bastante inútil numa casa de humanos e, sem nada melhor para fazer, começou uma busca incessante por outros dialetos.

Pouco tempo depois, Willy estava miando. Sabe Deus onde, mas ele também adquiriu o costume de lamber as patas e se engasgar com bolas de pelos. Mas não havia gatos nesta casa e Willy ficou triste por ter feito tanto esforço para nada. Ele, então, aprendeu a arrulhar, ficar empoleirado na barreira que separa a sala da cozinha e a gostar de se equilibrar em lugares altos. Mas, ainda, ele não encontrou ninguém com quem pudesse trocar duas palavrinhas e, mais uma vez, voltou à sua procura pelo idioma apropriado.

Hoje, Willy tem seis anos — mesmo que sua estatura seja a mesma de sempre — e fala pelo menos umas dez línguas, que vai de mugido a algo parecido com lamúria de almas do outro mundo. E meu irmão jura que há algum tempo o ouve falar “ossinho”, sempre que tem frango pro almoço.


Willy, triste, quando ainda não sabia falar “ossinho”.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Flores


Naquela manhã, foram tulipas. Tulipas brancas, frescas e totalmente fora de estação. Elisa não entendia tanta coisa ali que o fato de alguém ter encontrado tulipas num dia como aquele chegava a ser irrelevante. O que realmente a deixava admirada e confusa era esse alguém saber que ela adorava tulipas brancas mais que qualquer outra coisa.

Precisas como um relógio, as flores sempre chegavam pontualmente às sete. E, desde que começaram, nunca pulavam um dia. Ontem, vieram rosas brancas; anteontem, vermelhas. Sempre foram rosas, até aquele dia. Se ela se esforçasse, poderia até pensar em um punhado de pessoas que lhe pudesse ter feito aquele agrado, mas terminava sem se decidir por nenhuma. E essa era sua grande frustração: era incapaz de determinar com clareza quem poderia ser esse seu admirador.

— Mais flores, hein? — perguntou-lhe o seu vizinho de porta, ao chegar carregado de compras e vê-la parada no corredor, o ramalhete nas mãos.

— Sim, tulipas.

— Estou vendo. São iguais àquelas de plástico que ficam em cima da sua mesa.

Não lhe havia ocorrido tal semelhança. O vizinho encontrou as chaves da própria casa no bolso e enfiou na fechadura.

— Então, ainda não descobriu quem mandou?

— Não. É impossível. Pensei em todas as pessoas que conheço, mas nenhuma delas demonstra nenhuma atenção especial comigo.

— Nenhuma?

— Nenhuma.

— Bom, com certeza você está deixando escapar alguém.

— Talvez. Quem sabe eu sequer conheça essa pessoa.

— Você acha?

— Acho. Não sei. Bom, preciso entrar agora.

— OK. Qualquer coisa, sabe que é só chamar.

— Sei, sim, obrigada. Você é um amigão. Não sei o que faria sem você.

Disse isso e entrou.

A partir daquele dia, Elisa não recebeu mais flores.


Imagem: © Corbis

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Por entre meus dedos

Lembro de quando ela era só uma menininha medrosa, que segurava minha mão para atravessar a rua. Sua mão era pequena e seu olhar denunciava o medo ao ver tantos carros passarem. Então, ela me olhava e obtinha o que quer que precisasse para enfrentar aquela ameaça. E sorria.

Hoje, ela encara seus medos sozinha, enfrenta os problemas e os resolve. Lembro de que ela vinha saltitando me receber com um sorriso no rosto, quando eu chegava do trabalho. Hoje, é ela quem chega do trabalho e vem me visitar. Fez suas próprias escolhas; desafiou-me algumas vezes, aceitou meus conselhos em outras. Nunca duvidei de que se sairia bem, mas temi que sofresse e fraquejasse em alguma parte do seu caminho. Estive ao seu lado sempre que isso aconteceu. Mas, como garota corajosa que era, sempre olhou para frente e prosseguiu.

Agora, ela está se casando. Na porta da igreja, ela segura a minha mão, como fazia quando criança, antes de atravessar a rua. A dela está fria e trêmula. Sinto o tempo voltar àquela época, de quando ela precisava de mim. O tempo que passou rápido demais para eu perceber, que escorreu feito areia por entre meus dedos. Ela olha nos meus olhos e isso parece acalmá-la. Sorri. Respira fundo e contempla seu futuro, ao longe. E prossegue.




"Sometimes I wish that I could freeze the picture

And save it from the funny tricks of time

Slipping through my fingers."

sábado, 1 de agosto de 2009

Correntes invisíveis

O diabo é que nunca me ensinaram a viver com alguém. Sou solitário por natureza; fui criado para sê-lo. Sou como o vento, espírito de liberdade, que jamais admitiria ficar atado a alguém. Podem achar estranho, podem até me chamar de maluco. Maluco, devo mesmo ser. Não é algo que me incomode. É dessa maneira que vivo, no meu mundinho, meu universo, e estou satisfeito. Posso passar dias lá, sem me importar com nada mais. Ninguém mais. Nunca precisei de ninguém.

É certo que tenho amigos. As pessoas gostam de mim, por mais estranho que eu seja. Já percebi que gostam de pessoas estranhas. Aprecio a companhia de cada uma, mas, para ser sincero, elas me cansam. E nenhuma, até hoje, fez-me sentir necessidade de estar perto, de me relacionar, de dividir. De mudar. Até aparecer você.

E, agora, creio que nunca vivi uma situação mais complicada. Quero me doar, quero compartilhar, mas todo meu ser luta contra isso. Sou livre, quando navego no meu próprio universo, e não confio em mim mesmo quando preso a alguém, mesmo que sem algemas. Correntes invisíveis. Sinto-me como se quisessem cortar-me as asas e com meu consentimento.

Às vezes, penso que vivo preso à minha solidão. Mas é tão difícil mudar toda uma vida… Você se declarou disposta a esperar, mas será que me esperaria para sempre?


I never stayed anywhere

I’m the wind in the trees

Would you wait for me forever?


Foto por Zeh