domingo, 31 de maio de 2009

Bonequinhos de Papel

Seguindo a dica que a Gaborin deu, um tempo atrás, eu encontrei um site ótimo de gráficos para fazer bonequinhos de papel. Como sempre gostei de trabalhos manuais, interessei-me e peguei um gráfico para testar. Como nunca tenho muito tempo livre, só vim fazer o bonequinho agora. E como não tenho estilete em casa, usei um instrumental odontológico afiado que, claro, tem aqui em casa. Uma verdadeira arma branca, mas isso não vem ao caso.
Escolhi um Jigglypuff pra fazer; porque, além de ser fácil, é meu Pokémon preferido. Há alguns anos, no começo do anime, meu irmão assistia e eu me viciei. E, quando vi aquela fofura cor-de-rosa, me apaixonei perdidamente. Ele canta, como eu; é temperamental, como eu... E é engraçado (como eu?)! Pronto, agora ele faz parte do meu quarto. Pena que não é verde.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Lembranças



"Já sonhamos juntos

Semeando as canções no vento

Quero ver crescer nossa voz

No que falta sonhar..."



Você tinha três anos quando me conheceu. Não me lembro bem dessa época, talvez nem você. Mas deve ter sido um marco; pelo menos no nosso álbum de fotografias parece ser. Dizem que você não foi muito com a minha cara, no início; acho que você queria que eu fosse menino. Bem, não foi culpa minha.

Você se lembra daquela casa em que vivemos tanto tempo? Lembra do terreno enorme, do campo de vôlei e do bicho de pé que todo mundo pegou? Do lamaçal que ficava quando chovia; daquela poça enorme que já era de estimação, no inverno? Lembra das árvores, das frutas, da casa de marimbondo no pé de manga? Da casinha de bonecas no quintal, do balanço enferrujado, do jardim? De quando você me prendeu do lado de fora de casa?

E aquele colégio, logo ali adiante? Lembra dos professores que passaram de você para mim, da capela, do parquinho-prisão? Da banda que atrapalhava a aula do último tempo? Da hora do recreio, em que você me procurava para pedir dinheiro emprestado? Você nunca foi lá uma pessoa muito econômica. E aquele bebedouro enorme perto da quadra de esportes? Será que ainda está lá ou já foi confiscado pela vigilância sanitária? E aquela propaganda ridícula nos azulejos da cantina? A pizza que escorria óleo, o pastel sem queijo, o picolé de maracujá.

E daquela praia, aquela de tantos verões, você se lembra? Tantos primos, amigos, pescarias, travessuras. Gravações de filmes imperdíveis: "Cachinhos Dourados", ou o suspense trash cujo assassino até hoje ninguém sabe quem é. A lenda da "Dama de Branco" do final do calçadão, que desaparecia quando alguém chegava perto. Eram tantas lendas, tantas mentes infantis com imaginação fértil!

E apesar de serem tantas as lembranças, nenhuma época é tão valiosa quanto esta em que estamos. Esta que nos permite compartilhar lembranças tão preciosas quanto a vida. A nossa vida inteira juntos. A vida que ainda nos dará muitas lembranças para guardar. Esta, que nos espera a cada ano que passa. Feliz aniversário, meu irmão.


"Mesmo assim não custa inventar

Uma nova canção."


Imagem: Fotolia

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Investigação

Com todas essas evidências, não há mais dúvidas de que minhas suspeitas tinham mesmo fundamento. Esta investigação é inteiramente sigilosa e ninguém pode sequer desconfiar da natureza dos meus questionamentos, ao entrevistar os suspeitos ou conseguir mais pistas. Portanto, terei que continuar procedendo com todo o cuidado possível ou terei sérios problemas.

Ontem, adquiri a prova decisiva: a certeza do fato consumado. Interceptei uma chamada entre o principal suspeito e seu cúmplice, em que confessavam sua participação no caso. Resta agora saber onde o bagulho está escondido. Mas isso é apenas questão de tempo, pois já tenho uma vaga idéia do local onde o meliante costuma guardar seus ganhos.

Lupa em mãos, encontrei pegadas de lama no chão de madeira. O tamanho e o tipo do calçado condizem com o do suspeito. Há impressões digitais por todo o lugar, então procurei não me preocupar com elas. Apenas segui as pegadas, que terminaram num aposento acarpetado, mal iluminado. Entrei, olhando para os lados. Um barulho de água corrente veio de um banheiro anexo; sem dúvida o suspeito limpando evidências de seu corpo. Segui em direção ao móvel escuro, do lado oposto ao banheiro.

Eu tinha que ser rápido; arrastei uma cadeira, tentando não provocar nenhum som alto demais, e subi. Tinha que estar em algum lugar por ali. Pus a mão em cima do armário e toquei em algo liso. Meu toque fez ruído no pacote. Agarrei-o com ambas as mãos e conferi, afastando um pouco o papel que o cobria. Sim, era ele mesmo. Eu estava certo. Havia solucionado o caso.

Coloquei-o de volta no lugar, guardei a cadeira e saí correndo do quarto.


***


— Querido, aposto que você vai adorar o seu presente de aniversário!

O menino olhou pra mãe, a carinha sorridente esbanjando orgulho.

— O jogo Scotland Yard? Claro que vou adorar!

— Hein? — A mãe arregalava os olhos, incrédula. — Mas será possível? Como você sempre descobre o que vai ganhar?

O dar de ombros dele foi exageradamente arrogante:

— Elementar, cara mamãe.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Casinha de doce

Uma das coisas de que mais vou sentir falta algum dia na minha vida é das madrugadas na cozinha, com meus irmãos. Antes de dormir, lá pra 1h da matina, sempre bate uma fome que nos faz preparar alguma gororoba pra comer. De minha parte, só preparo nuggets, então a gororoba fica por conta deles. E ficamos lá, falando besteira e rindo.

Desta vez, eu estava dormindo, às três da manhã, quando ouvi um "BUM!" vindo da cozinha. Pulei da cama duas vezes; uma de susto e outra para levantar e ir ver qual era a origem daquele escândalo todo. Cheguei à cozinha e vi aquela bagunça: uma chaleira no chão, perto do fogão, a tampa dela do outro lado e doce de leite por todo lado, inclusive no teto.

E meus irmãos? No chão também, embolando de rir. Eles tinham inventado de fazer doce de leite e terminaram esquecendo lá no fogo. Aconteceu que a água evaporou e a lata explodiu, espirrando doce nas paredes, melecando tudo. Acho que ninguém nunca lhes explicou a diferença entre uma chaleira e uma panela de pressão. Acabaram de limpar tudo lá pras 8h da manhã. Dormiram o resto do dia, enjoados de doce.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Amigos nunca dizem adeus

Não vá embora, amigo. Não agora que o sol acabou de nascer e o dia está apenas começando. Veja que clima tão agradável; vamos brincar de encher bexigas de água, pular na piscina, ir à praia. Vamos torrar ao sol, fazer castelos de areia, tomar sorvete. Viver aventuras, rir das nossas desventuras. A vida é curta, amigo, mas não necessariamente acaba agora. Ainda há tempo para estarmos juntos outra vez.

Volta aqui, amigo, não se vá agora. Vem, que o sol está retornando. Olhe em volta; não há mais nuvens no céu, o vento que agita as árvores é brisa, os passarinhos brincam nas poças da água salgada que acaba de cair. Mas não há sinal de tempestade. Ainda dá tempo de jogar conversa fora, de passear de bicicleta, de fazer piquenique no parque. A vida é dura, eu sei, mas ainda dura. Eternamente, se você deixar. Está cedo ainda, você não precisa ir. Tem tanta coisa para se ver, tanto para conhecer, tanto para aprender. Mesmo que você não queira agora, não se prive dessa dádiva para sempre.

Não, amigo, não diga adeus. Há tanta alegria esperando logo adiante. O sol se foi, mas o mundo não acabou. A lua iluminará o seu caminho até que ele possa voltar a brilhar outra vez. Apenas não diga adeus.



"The clouds will be a daisy chain

So let me see your smile again

Won't you let me see your smile?"

(Dear Prudence - The Beatles)




Imagem: foto tirada por ZeH.