domingo, 12 de abril de 2015

Resenha: O Elevador Ersatz

As desgraças na vida de Violet, Klaus e Sunny Baudelaire começam quando eles perdem os pais em um incêndio e são obrigados a mudar de lar várias vezes por causa de um homem horrível chamado Conde Olaf, que quer tomar a fortuna deles. Neste volume, eles se mudam para o apartamento de cobertura do casal Esmé e Jerome Squalor, um pessoal preocupado demais com as aparências. É claro que o Conde Olaf aparece para estragar o que já não eram as mil maravilhas do mundo.

O Elevador Ersatz é o sexto livro do Desventuras em Série, de Lemony Snicket (pseudônimo de Daniel Handler), cujos treze volumes contam a triste história dos órfãos Baudelaire. Os três primeiros volumes foram adaptados em um filme, com algumas modificações no enredo, mas uma das poucas adaptações de que eu gosto. Inclusive, conta com um elenco impecável, com Meryl Streep, Jude Law, Jim Carrey. O filme manteve bem o tom dos livros: melancólico, meio sarcástico, meio escrito para crianças. O que mata é a atuação exagerada de Jim Carrey, que achei desnecessária.

Há quem diga que não gosta da escrita desses livros porque parece infantil demais. Eu discordo. Acho que Daniel Handler conseguiu um equilíbrio interessante entre uma narrativa escrita para crianças e um vocabulário rebuscado, mesmo que ele sempre acabe explicando as palavras mais complicadas logo depois de usá-las. Mas a escrita é bem peculiar e eu gosto de autores que conseguem fazer uma coisa diferente, que conseguem colocar sua marca naquilo que escreve. Daniel Handler fez mais que isso e, sob o pseudônimo de Lemony Snicket, virou personagem em seus próprios livros, se colocando como narrador-personagem que conheceu pessoalmente os órfãos Baudelaire, testemunhou suas infelicidades e sofreu suas próprias perdas na história.

Segundo eu li, o pseudônimo surgiu como um nome que Handler utilizava numa lista de correio de organizações de extrema direita que ele pesquisava para um de seus livros. Depois, virou uma brincadeira entre os amigos, que começaram a pedir pizza com o nome. Então ele virou narrador das histórias dos Baudelaire (assim como de dois outros livros e também escreveu a introdução de um livro de contos), das quais ele também faz parte, assim como Beatrice, a mulher que ele amava e, aparentemente, não se encontra mais entre nós.

Apesar dessas coisas legais todas, depois de ler seis livros dessa série, confesso que enjoei um pouco do enredo. Porque é quase sempre o mesmo: (spoiler alert)* os órfãos chegam a um novo lar, às vezes bom, às vezes péssimo; então vem o Conde Olaf, com um disfarce doido que convence todo mundo, menos as três crianças, e eles terminam bolando um plano para acabar com o disfarce e prender o vilão, mas ele consegue escapar. Com algumas pequenas mudanças em cada livro. Dá agonia também de como nenhum dos tutores acredita nos órfãos; parece uma coisa meio sem sentido para mim. Como se todos os adultos fizessem pouco caso do que as crianças dizem. Acho que havia outras maneiras de fazer isso ficar aceitável. (/spoiler alert) Mas, de modo geral - pesando os prós e os contras - eu gosto bastante da série.


"... a tabela dos elementos não contém um dos elementos mais poderosos que
formam o nosso mundo, e este é o elemento surpresa."



*Se você nunca leu nenhum livro da série e não gostar de spoilers, melhor não ler o trecho em cinza.

Update: Quis reescrever essa resenha inteira depois de ler este artigo aqui, mas não o fiz porque pretendo ler outro livro da série e corrigir minha injustiça na próxima resenha.


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Essa é uma resenha para o mês de abril do Desafio Literário do Tigre de 2015, do blog da Tadsh: um livro com a capa alaranjada. Para saber mais sobre o desafio, entre na fanpage ou saiba mais no blog.

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