Estava ouvindo música, quando meu irmão passou pelo corredor com uma cara emburrada. Eu perguntei a ele o que a gente ia comer, já que ele voltava da cozinha:
— Nada, perdi a fome.
— Oxe, por quê? — Estranho. Essa é a hora do dia, ou melhor, da madrugada que ele tem mais fome.
— Uma barata.
— Barata? — Fiz uma careta de repulsa. — Mas barata aqui em cima? — Moramos praticamente nas nuvens. Barata aqui, só uma vez na vida e outra na morte. E, peraê, meu irmão não tem esse nojo todo de barata.
— É, no meu pão.
— No pão??
Tive ânsia de vômito. Como assim, uma barata andando pelo pacote dos pães que, a propósito, comi há pouco? Certo. Saiam da frente, vou vomitar agora mesmo. Mas, antes que acontecesse, ele continuou a explicar:
— É, eu tava encostado na parede, passando manteiga no pão de caixa, quando uma baratinha passou andando pela parede na minha frente. Sem pensar, meti o pão nela — e fez um barulho de pão com manteiga esmagando uma barata na parede. E gritou, encenando a compreensão tardia da merda que fez: — "Porra, meu pão!"
Bom... Meu irmão sempre teve uma imaginação meio insana para temperar comida. Mas nem morta viro cobaia, dessa vez.
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