Com todas essas evidências, não há mais dúvidas de que minhas suspeitas tinham mesmo fundamento. Esta investigação é inteiramente sigilosa e ninguém pode sequer desconfiar da natureza dos meus questionamentos, ao entrevistar os suspeitos ou conseguir mais pistas. Portanto, terei que continuar procedendo com todo o cuidado possível ou terei sérios problemas.
Ontem, adquiri a prova decisiva: a certeza do fato consumado. Interceptei uma chamada entre o principal suspeito e seu cúmplice, em que confessavam sua participação no caso. Resta agora saber onde o bagulho está escondido. Mas isso é apenas questão de tempo, pois já tenho uma vaga idéia do local onde o meliante costuma guardar seus ganhos.
Lupa em mãos, encontrei pegadas de lama no chão de madeira. O tamanho e o tipo do calçado condizem com o do suspeito. Há impressões digitais por todo o lugar, então procurei não me preocupar com elas. Apenas segui as pegadas, que terminaram num aposento acarpetado, mal iluminado. Entrei, olhando para os lados. Um barulho de água corrente veio de um banheiro anexo; sem dúvida o suspeito limpando evidências de seu corpo. Segui em direção ao móvel escuro, do lado oposto ao banheiro.
Eu tinha que ser rápido; arrastei uma cadeira, tentando não provocar nenhum som alto demais, e subi. Tinha que estar em algum lugar por ali. Pus a mão em cima do armário e toquei em algo liso. Meu toque fez ruído no pacote. Agarrei-o com ambas as mãos e conferi, afastando um pouco o papel que o cobria. Sim, era ele mesmo. Eu estava certo. Havia solucionado o caso.
Coloquei-o de volta no lugar, guardei a cadeira e saí correndo do quarto.
***
— Querido, aposto que você vai adorar o seu presente de aniversário!
O menino olhou pra mãe, a carinha sorridente esbanjando orgulho.
— O jogo Scotland Yard? Claro que vou adorar!
— Hein? — A mãe arregalava os olhos, incrédula. — Mas será possível? Como você sempre descobre o que vai ganhar?
O dar de ombros dele foi exageradamente arrogante:
— Elementar, cara mamãe.
17 comentários:
ehuauehahe, legal!
Daqui a pouco as editoras inglesas vão te procurar ofertando que você escreva a prequel do Sherlock Holmes ;P
Eu terminei o conto lá no meu blog, já deu uma olhada?
Beijos!
v.h. | Homepage | 05.21.09 - 12:31 pm
Scotland Yard... Deu saudade. Eu adorava!
Beijo!
Leonardo | Homepage | 05.21.09 - 12:53 pm
Eu jogava Carmem San Diego no pc..., ahahahahahah
Álisson da Hora | Homepage | 05.21.09 - 2:48 pm
Como sempre, gostei muito. Combinou muito bem o tom do conto com o desfecho. Mas sabia que, apesar da frase ser famosa, Sherlock Holmes nunca disse: "elementar, meu caro Watson"?
Curioso como essa ficou conhecida, né?
Ah, fiquei super feliz com o seu comentário no meu blog. Fico lendo toda hora. hauehauheueheuheueheua
O teu também é um dos meus favoritos. A melhor supresa que eu tive com blogs, certamente.
Grandes abraços
Marcelo | Homepage | 05.21.09 - 7:04 pm
Adorei!! Vou indicar para o povo... bjo, bjo, amada.
andréia | Homepage | 05.21.09 - 7:44 pm
Maneiríssimo ! rs
Lembrei até de algumas passagens da minha infância... :-P
Fabio Machado | Homepage | 05.23.09 - 12:41 am
Marina...você é uma escritora de mão cheia..e o que mais gosto nos seus textos são a originalidade dos mesmos e os finais sempre inusitados.
mesmice com você não tem vez.
adorei a leitura!
beijo
layla | Homepage | 05.23.09 - 1:40 pm
Ah!
Deliciosamente traquinas e surpreendente!
Parabéns e obrigado por apresentar esse texto adorável!
Abraços!
PS: desculpa minha ausência, é que estive viajando de férias.
Eduardo Trindade | Homepage | 05.23.09 - 5:44 pm
Toda criança fala bá ams o meu fala bá diferente...
Magui | Homepage | 05.23.09 - 6:17 pm
Oi,linda
Adoro estes seus contos que nos encaminha para outro rumo e nos deixa com um "Ah.." no final...Parabéns!
Olha,tem um presente de grego lá no meu outro blog..passa lá tb!!rs
bjs
Exagerado | Homepage | 05.23.09 - 7:08 pm
Elementar é o ato de jogar elementos nas outras pessoas. Devia ser crime.
Rafael | Homepage | 05.24.09 - 5:31 am
Caracaaaa, o que me chamou a atenção foi o menino prodigio. OMG.
Ok, já fiz isso num natal. Sabia que ia ter presente, pois vi meus pais comentando o que dariam para nós.
Seu texto foi uma volta ao passado, exceto a parte do Scotland Yard, que no meu caso, foi uma 'menina-flor', uma bonequinha de pano. HAHAHA
Achei tão fofo seu comentário que faria um print e o publicaria, de tão feliz que fiquei. Obrigada!
eu também te leio, porque oras, você está no topo dos meus blogs favoritos, sério mesmo. (mas não espalha, hein.) HAHAHAHA
XOXO,
Jéssica
;D
Jéssica | Homepage | 05.24.09 - 4:27 pm
Hahahahaha, tô rindo. Imaginei cada passo.
Larissa | Homepage | 05.24.09 - 7:01 pm
hahaha...
muito bom moça!
bjs meus
Marcus | Homepage | 05.25.09 - 5:42 pm
Sempre é uma prazer ler seus textos.
Um tom de mistério e um término tão gostoso.
Muito Bom.
Um Grande beijo.
Gaby | Homepage | 05.25.09 - 8:48 pm
Delicioso este!
Eu mudaria apenas uma coisitcha, mas ele é delicado e tem essa danadice infante que é maravilhosa nas histórias juvenis (quando bem contadas e escritas).
Grande conto!
Bruno Portella | Homepage | 05.26.09 - 11:35 am
São tantas as possibilidades... minha cara.
Léo | Homepage | 06.02.09 - 4:04 am
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