sexta-feira, 9 de março de 2018

Resenha: Intermitências da Morte

Eu só havia lido um livro de Saramago: Caim. Não sei se por chatice minha mesmo ou se porque não é o melhor livro dele, a impressão que eu tinha do autor não era muito boa. Passei anos sem ler nada dele, até que me caiu nas mãos As Intermitências da Morte e um amigo recomendou que eu desse uma chance de coração aberto. Não fui de coração aberto, mas meu coração foi forçado a ir se abrindo aos poucos.

O que aconteceria se, de repente, as pessoas parassem de morrer? Parece uma coisa boa, de início. Mas será que é boa mesmo? E se a pessoa estivesse muito doente? Ou muito idosa? Ou sofresse um acidente que a deixasse em estado vegetativo sem nenhuma chance de melhora? Talvez não fosse muito agradável. Então, este livro conta a história de quando a morte resolveu tirar férias.

Lá pro meio do livro, somos apresentados à morte. Assim mesmo, com letras minúsculas. Com seu manto preto, face encovada, foice afiada e suas cartas de cor violeta. Essa virou minha parte favorita do livro, do meio pro final. E o desfecho é incrível. Me fez ter vontade de recomeçar a ler tudo de novo. E, lendo resenhas por aí, eu descobri que é uma vontade até bem comum entre os leitores.

A narrativa de Saramago - sem pontuação, sem parágrafos, apenas frases corridas - é bastante peculiar e eu confesso que me dava uma certa agonia. Mas depois que você entende e acostuma, vira quase natural. A leitura se torna fluida, fácil. Sem interrupções.

E o sarcasmo. Coisa de quem sabe o que está fazendo. Nada contra o novo (nada mesmo, inclusive adoro e indico sempre a leitura de novos autores, pode conferir no meu Desafio Literário), mas é muito delicioso ler uma narrativa de quem sabe o que está fazendo. Gente que sabe contar história, sabe iludir, sabe dobrar sua realidade, colocar no bolso e lhe apresentar outra diferente. Por isso eu também insisto sempre que se leiam os clássicos e os intocáveis. Você nunca se arrepende. Mesmo quando não gosta muito, aprende uma coisa ou outra.

Recomendo demais esse livro. Já botei na lista mais alguns de Saramago e agora vou de coração aberto, porque ele me conquistou para sempre. Leio até Caim de novo. Vai que foi só chatice momentânea mesmo?

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E você? Já leu este livro?
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2 comentários:

Maria Ximenes disse...

Aff, não posso ler uma resenha que já fico com vontade de ler o livro xD Eu li ensaio sobre a cegueira e achei excelente! Esse sobre a morte deve ser no mesmo estilo distópico, adoro.

Marina disse...

Quem me deu o livro foi França. Disse pra eu deixar a chatice de lado e dar uma chance. hahaha