Dá até vergonha de admitir que este livro passou tanto
tempo na minha estante, sem ser lido. Vergonha porque eu adoro Gabriel García
Márquez, porque este acabou sendo um dos melhores livros da minha vida e porque
eu já havia começado antes, mas foi numa época pesada de prova da faculdade e
eu tive que parar no meio. E fiquei com um bloqueio tão grande (acho que
causado pela grande quantidade de Josés Arcádios, Aurelianos e Remédios)
que, até então, não tinha tido coragem para pegar de novo. Enfim, tomei coragem
e acabei de ler. E a mágica aconteceu.
Cem anos de solidão conta a triste história dos Buendía, uma família de pessoas destinadas à solidão. Na fictícia Macondo, vilarejo fundado pelo patriarca da família, cem anos de toda uma linhagem de solitários passam pelos nossos olhos, com elementos fantásticos misturados ao real, até que nos tornamos parte daquela família, percebendo-nos solitários. E, no final da vida, por melhor que ela seja, por melhores que sejam as lembranças, quem não se sentiria solitário? Uma das frases de que mais gostei, acho que foi do primeiro Aureliano (preciso aprender a anotar essas frases, pra não ter que ficar folheando o livro depois, sem achar, desistindo e procurando no Google), foi algo como: “O segredo de uma velhice agradável consiste apenas na assinatura de um honroso pacto com a solidão”. E é isso que eu pensei, ao final do livro: que, no final de tudo, por mais que tenhamos gente à nossa volta, a morte é solitária. E a solidão, assim como a morte, é uma certeza. Por isso, é tão triste.
O livro dá margem a centenas de divagações, mas uma delas,
essa nossa sina à solidão, deve ser a mais comentada. Devo ter lido umas dez
resenhas sobre ele, depois de ler o livro, em busca de outras opiniões, de
aspectos do livro que eu não percebi, e é incrível a quantidade de pensamentos
diferentes, de perspectivas. É um livro muito rico em características
psicológicas, em construção de personagens, em análises de consciência. O que
não se espera de um livro com tantos personagens, com tanta história.
"O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e, para mencioná-las, se precisava apontar com o dedo"--
Esta é uma resenha para o Desafio Literário do Tigre 2014, do blog Elvis Costello Gritou Meu Nome. O tema de Janeiro é "Na estante": ler e resenhar um livro que esteja há muito tempo na sua estante, esperando para ser lido. Para saber mais sobre o desafio, entre na fanpage ou saiba mais no blog.
Esse é, sem dúvida, o melhor livro que eu li na vida.
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